Acessar o conteúdo principal

Em entrevista à RFI, Blinken reitera apoio dos EUA à Cedeao no Níger: "diplomacia é a melhor opção"

Em entrevista exclusiva à RFI, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, reiterou o apoio dos Estados Unidos aos países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), quase duas semanas após o golpe de Estado no Níger. No entanto, o diplomata descartou a possibilidade de participar de uma intervenção militar. "Estamos trabalhando diplomaticamente para apoiar os esforços", afirmou. 

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, em foto de arquivo.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, em foto de arquivo. © RFI
Publicidade

Quase duas semanas após o golpe de Estado, a situação no Níger segue sob impasse. A Cedeao havia dado um ultimato, até 6 de agosto, para que a junta que tomou o poder restabelecesse o governo do presidente Mohamed Bazoum. Ao enfrentar críticas de países africanos sobre a possibilidade de uma intervenção militar, o grupo anunciou uma nova reunião de seus líderes, prevista para quinta-feira (10).

No fim de semana, a França já havia lembrado que seu apoio à Cedeao ocorre no plano diplomático. O mesmo posicionamento é adotado pelos Estados Unidos. "Estou frequentemente em contato com os líderes da África, da própria Cedeao, mas também com nossos parceiros na Europa, inclusive a França. O que é certo é que a diplomacia é a melhor opção para resolver essa situação", afirma Blinken.

Questionado se os Estados Unidos pretendem retirar os cerca de mil soldados americanos presentes no Níger, o secretário de Estado prefere não prever o futuro. "O essencial é o retorno da ordem constitucional, é para isso que trabalhamos. A sequência, veremos", diz.

Blinken também lembra que, com o golpe de Estado, Washington deixou de apoiar Niamey, "o que não favorece em nada o povo nigerino". "O que vemos no Níger é desolador e não oferece nada ao país e à população", sublinha.

Acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro

O diplomata também falou de outra crise que afeta os países africanos neste momento: o cancelamento do acordo de exportação de grãos pelo Mar Negro. Em meados de julho, a Rússia decidiu se retirar do compromisso, suscitando o temor de um agravamento da crise alimentar em países desfavorecidos.

Para Blinken, o pacto de exportação de grãos pelo Mar Negro - negociado no ano passado com Moscou sob mediação da ONU e da Turquia - jamais teria sido necessário não fosse a guerra na Ucrânia e o bloqueio dos portos ucranianos pela Rússia. "Desde que a Rússia saiu do acordo, os preços subiram entre 10% e 15%, e estamos vendo o impacto nos países que recebiam diretamente esses grãos da Ucrânia", destaca. 

O secretário de Estado desmente as declarações de Moscou de que também estaria enfrentando dificuldades no transporte de grãos no Mar Negro. "As exportações russas no ano passado excederam em muito o que a Rússia exportava antes da invasão da Ucrânia", aponta. 

Segundo Blinken, houve uma proposta da ONU para resolver "as supostas dificuldades", mas a primeira reação da Rússia foram ataques ao porto de Odessa, no sul da Ucrânia. "Os russos destruíram 220 mil toneladas de grãos na semana passada. Esta é a resposta de Moscou", diz.

Por isso, para o diplomata, não há dúvidas de que o Kremlin utiliza a alimentação como arma de guerra. "Estive nas Nações Unidas na semana passada, anunciei US$ 350 milhões em ajuda adicional para onze países da África e do Haiti. Então, estamos fazendo o máximo. Apoiamos 50% do orçamento do Programa Alimentar Mundial. A Rússia, menos de 1%", conclui. 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.