Níger: junta militar fecha espaço aéreo e Itália pede extensão de ultimato para volta à democracia
A Itália fez um apelo nesta segunda-feira (7) pela extensão do ultimato da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) para que o Níger retome a democracia. Os militares golpistas anunciaram no domingo (6) o fechamento do espaço aéreo do país.
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O ministro italiano das Relações Exteriores pediu uma extensão do ultimato da Cedeao antes de uma ação militar. “O único caminho é o diplomático”, declarou Antonio Tajani ao jornal La Stampa.
Segundo informações da RFI, o comando da força africana da Cedeao está à espera de ordens para intervir.
Os militares que tomaram o poder no Níger anunciaram o fechamento do espaço aéreo do país minutos antes do término do prazo do ultimato da Cedeao.
"Diante da ameaça de intervenção, que se torna mais clara devido à preparação dos países vizinhos, o espaço aéreo nigerino está fechado a partir deste domingo (...) para todas as aeronaves até segunda ordem", afirmou a junta militar em comunicado.
"Qualquer tentativa de violação do espaço aéreo" resultará em "uma resposta enérgica e imediata", acrescentou o texto.
O anúncio ocorreu poucos minutos antes do fim do ultimato do bloco da África Ocidental (Cedeao) aos militares para que devolvessem o poder ao presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum.
Bazoum foi deposto em 26 de julho, quando membros de sua própria guarda o detiveram.
Há uma semana, a Cedeao deu aos novos governantes militares do Níger, o Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), um prazo de sete dias para se retirarem ou enfrentarem uma possível intervenção militar.
Em outro comunicado, o CNSP disse que houve um "desdobramento anterior para a preparação da intervenção em dois países da África Central", sem especificar quais. "Qualquer Estado envolvido será considerado cobeligerante", advertiu.
"Ameaça para a sub-região"
As fronteiras terrestres e aéreas do Níger com cinco países vizinhos - Argélia, Burkina Faso, Líbia, Mali e Chade - foram reabertas em 2 de agosto, quase uma semana após terem sido fechadas durante o golpe de Estado.
Dois dos países vizinhos, Nigéria e Argélia, são favoráveis a uma solução diplomática.
O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, também pediu neste domingo aos líderes do golpe que desistam. "Condenamos a tentativa de golpe no Níger, que representa uma séria ameaça à paz e à segurança da sub-região", disse.
Nas ruas do bairro de Boukoki, na capital Niamey, moradores se mostraram determinados a defender o país diante da perspectiva de uma intervenção armada.
"Vamos lutar por esta revolução. Não vamos recuar perante o inimigo, estamos determinados", declarou um morador, Adama Oumarou, acrescentando que eles tinham "esperado muito tempo por esse golpe".
"Fora França!"
No local, eles foram aclamados e cercados por uma multidão entusiasmada, de acordo com repórteres da AFP. O general Mohamed Toumba, o terceiro no comando, fez um discurso denunciando aqueles que "espreitam nas sombras" e que estão "conspirando para a subversão" contra o "progresso do Níger".
"Hoje é o dia da nossa verdadeira independência!", gritou um jovem, enquanto a multidão ao seu redor gritava "fora França, fora Cedeao!".
O golpe foi condenado por todos os parceiros ocidentais e africanos do Níger, mas o exército nigerino recebeu o apoio de militares no Mali e Burkina Fasso, que também chegaram ao poder por meio de golpes em 2020 e 2022, respectivamente, e também enfrentam a violência jihadista.
Perspectiva incerta
Paris apoia os países da Cedeao em seus esforços para restaurar o presidente Bazoum, que foi preso após o golpe.
No entanto, a perspectiva de uma intervenção militar por parte dos países da África Ocidental ainda é incerta.
Os senadores da Nigéria pediram no sábado ao presidente Bola Tinubu para "fortalecer a opção política e diplomática". A Argélia, que não faz parte da Cedeao, mas compartilha quase 1.000 quilômetros de fronteira com o Níger, também expressou suas reservas no sábado à noite.
As relações entre os militares que assumiram o poder e a França, antiga potência colonial, se deterioraram nos últimos dias.
Na quinta-feira, eles se retiraram dos acordos de cooperação no campo da segurança e defesa com a França, que mantém um contingente militar de 1.500 soldados no Níger para a luta antijihadista.
(com AFP)
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