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Níger: ministra francesa diz que insurgentes têm até domingo para "renunciar à sua aventura"

A poucas horas do fim do ultimato determinado pelos países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), a França reiterou seu apoio neste sábado (5) a uma eventual intervenção militar no Níger. Em entrevista exclusiva à RFI, a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, lembrou que os insurgentes têm até domingo (6) para entregar o poder. 

A ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, em foto de arquivo.
A ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, em foto de arquivo. via REUTERS - POOL
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As declarações foram feitas após uma reunião entre Colonna e o primeiro-ministro nigerino, Ouhoumoudou Mahamadou, nesta manhã. O premiê está em Paris porque, segundo a chefe da diplomacia francesa, não conseguiu voltar ao Níger desde que o país foi palco de um golpe, em 26 de julho. Ele estava em Roma para uma conferência sobre segurança alimentar quando insurgentes tomaram o poder e prenderam o presidente Mohamed Bazoum. 

"O primeiro-ministro e eu nos reunimos para conversar, para constatar que a comunidade internacional é unânime, como são os países da região [oeste da África] ao condenar essa tentativa, a condenar essa aventura realizada por alguns militares no Níger. E para pedir o retorno imediato à ordem constitucional e pedir a restauração da democracia no Níger", indicou Colonna, em entrevista à RFI.

Na sexta-feira (4), militares da Cedeao anunciaram que traçaram um plano e estão prontos para intervir contra os insurgentes nigerinos. Segundo a ministra francesa, "é preciso levar a sério" a ameaça que pode se tornar realidade a partir do fim do prazo determinado pela Cedeao para que o governo nigerino seja restaurado

França não mobilizará soldados 

Apesar de expressar seu apoio ao Níger, Colonna descartou a possibilidade de mobilizar soldados franceses para uma eventual intervenção no país africano. Segundo ela, "as decisões tomadas pela Cedeao constituem uma pressão, um pedido claro dos países da região, respaldados pela comunidade internacional". Com a aproximação do fim do ultimato determinado pelo bloco da África ocidental, não resta outra saída, segundo a ministra: "chegou a hora para os golpistas de renunciar à sua aventura".

Na última semana, a junta militar que tomou o poder, sob liderança do general Abdourahamane Tiani, denunciou os acordos de cooperação militar entre o Níger e a França para combater o terrorismo na região do Sahel. Colonna lembrou que os compromissos foram suspensos porque Paris não reconhece as decisões tomadas pelos insurgentes.

Classificando de "inaceitável" a iniciativa da junta, a ministra afirma que a França tem uma mensagem "muito clara": Paris considera "ilegítima" a tomada de poder. Colonna também denuncia a repressão instaurada pelos insurgentes nos últimos dias, com ataques contra a imprensa, prisões de ministros e "o desrespeito da vontade do povo nigerino" que elegeu democraticamente o presidente Mohamed Bazoum. 

Presidente deposto segue em cativeiro

O chefe de Estado foi destituído e é mantido em cativeiro pela junta na residência presidencial há dez dias. Segundo a embaixada nigerina em Paris, Bazoum, a esposa e o filho estão privados de água e energia elétrica até que o presidente destituído anuncie sua demissão. No entanto, ele é autorizado a se comunicar com o exterior.

Ao ser questionada se o governo francês tem notícias do líder nigerino deposto, Colonna confirmou que o presidente Emmanuel Macron conversou com Bazoum algumas vezes. Na última quinta-feira (3), o jornal americano The Washington Post publicou uma coluna em que Bazoum se expressa "na condição de refém", denunciando sua "prisão ilegal e arbitrária". 

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