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Após fugir para o exterior, presidente do Sri Lanka renuncia

O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, renunciou nesta quinta-feira (14) de Singapura, para onde havia fugido, depois de ter passado pelas Maldivas. Os manifestantes encerraram a ocupação de prédios públicos em Colombo, mas garantiram que continuarão pressionando o poder em meio a uma grave crise econômica e política.

O presidente Gotabaya Rajapaksa em foto de 13 de arquivo, antes de deixar o país.
O presidente Gotabaya Rajapaksa em foto de 13 de arquivo, antes de deixar o país. AP - Eranga Jayawardena
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A carta de demissão, enviada por e-mail ao presidente do Parlamento, foi transmitida ao procurador-geral do país para examinar os aspectos legais antes de aceitá-la formalmente, disse o porta-voz do parlamentar, Indunil Yapa.

Rajapaksa, de 73 anos, tinha recebido um prazo para renunciar ao cargo até quarta-feira. Se seu pedido for aceito, ele se tornará o primeiro presidente do Sri Lanka a renunciar desde que o sistema presidencial de governo foi adotado, em 1978.

Gotabaya Rajapaksa desembarcou em Singapura a bordo de um avião da empresa saudita Saudia, das Maldivas, para onde havia fugido no dia anterior. A cidade-estado disse nesta quinta-feira que Rajapaksa entrou "em uma visita privada", mas "não pediu asilo e não recebeu asilo", escreveu o Ministério das Relações Exteriores de Singapura em comunicado, lembrando que o país "geralmente não aceita pedidos de asilo".

Como presidente, ele goza de imunidade de prisão e há especulações de que ele tenha procurado ir para o exterior antes de renunciar para evitar ser detido.

Em Colombo, capital do Sri Lanka, os manifestantes deixaram vários prédios estatais que ocupavam há vários dias, depois que o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe ordenou que as forças de segurança restabelecessem a ordem e declarassem estado de emergência.

"Vamos continuar nossa luta"

"Estamos nos retirando pacificamente do Palácio Presidencial, da secretaria presidencial e do gabinete do primeiro-ministro imediatamente, mas continuaremos nossa luta", disse uma porta-voz dos manifestantes.

Testemunhas viram dezenas de ativistas saindo do gabinete do primeiro-ministro, quando a polícia e as forças de segurança entraram no prédio. Policiais armados também patrulhavam partes da cidade, sob toque de recolher.

Segundo fontes de segurança, Rajapaksa, que viajou com sua esposa Ioma e dois guarda-costas, ficará em Singapura por algum tempo antes de seguir para os Emirados Árabes Unidos.

Má gestão

O Sri Lanka, localizado ao sul da Índia, sofre com a escassez de produtos essenciais devido à falta de divisas para as importações, e os manifestantes acreditam que a crise se deve à má gestão de Rajapaksa.

Após meses de protestos, manifestantes invadiram a residência oficial do presidente no sábado e depois tomaram o gabinete do primeiro-ministro. Desde a fuga do presidente, o complexo foi aberto ao público e milhares de pessoas visitaram o prédio.

No local, Gihan Martyn, comerciante de 49 anos, acusou o presidente de "ganhar tempo". "Ele é um covarde", disse Martyn. "Ele arruinou nosso país junto com a família Rajapaksa. Então não confiamos nele e precisamos de um novo governo."

A polícia informou que um soldado e um oficial ficaram feridos em confrontos durante a noite. O principal hospital de Colombo disse que 85 pessoas foram internadas com ferimentos na quarta-feira (13) e um homem morreu sufocado após inalar gás lacrimogêneo no gabinete do primeiro-ministro.

O exército e a polícia receberam novas ordens nesta quinta-feira (14) para reprimir com firmeza qualquer tipo de violência.

Mas Chirath Chathuranga Jayalath, um estudante de 26 anos, disse que não tem medo: "Eles não podem parar essas manifestações matando pessoas. Eles vão atirar na nossa cabeça, mas fazemos isso com nossos corações", disse.

Hostilidade e hotel de luxo nas Maldivas

A mídia local das Maldivas informou que o presidente foi recebido com hostilidade pelos passageiros no aeroporto quando chegou na quarta-feira (13).

Ele foi vaiado e insultado no Aeroporto Internacional de Velana e um grupo organizou uma manifestação para pedir às autoridades das Maldivas que não permitissem sua presença.

A mídia do arquipélago informou que ele passou a noite no Waldorf Astoria Ithaafushi, um hotel de ultra luxo neste destino turístico exclusivo.

Essa opulência contrasta com a dura crise que seus compatriotas vivem em um momento em que quatro em cada cinco pessoas no país devem pular uma refeição devido à situação econômica catastrófica.

O país declarou moratória da dívida de US$ 51 bilhões (R$ 2,8 trilhões) em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional.

(Com informações da AFP)

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