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Após fuga de presidente, Sri Lanka declara estado de emergência e exército é mobilizado para "restabelecer a ordem"

O primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, foi designado como presidente interino nesta quarta-feira (13), após a fuga do chefe de Estado Gotabaya Rajapaksa para as Maldivas. Logo depois, ele convocou o exército e a polícia para "restabelecer a ordem no país".

Manifestantes invadiram o escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, nomeado presidente interino nesta quarta-feira (13).
Manifestantes invadiram o escritório do primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, nomeado presidente interino nesta quarta-feira (13). © AP - Rafiq Maqbool
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Com informações da AFP e de Côme Bastin e Sébastien Farcis, enviados especiais daRFI a Colombo

O presidente do Parlamento, Mahinda Yapa Abeywardana, anunciou na televisão que Rajapaksa nomeou o primeiro-ministro como presidente interino. O chefe de Estado desembarcou nesta manhã nas Maldivas, arquipélago no Oceano Índico, devido a uma imensa revolta popular que exige sua renúncia. Ele se beneficia da imunidade presidencial e pode usá-la para buscar refúgio no exterior. 

Pouco depois da fuga, o gabinete do primeiro-ministro declarou estado de emergência e instaurou um toque de recolher na capital Colombo.

A Constituição do Sri Lanka prevê, em caso renúncia do presidente, que o primeiro-ministro assuma o cargo de maneira interina. Desta forma, o Parlamento poderá nomear um deputado para exercer a função de chefe de Estado até o fim do mandato em curso, novembro de 2024.

Transição pacífica

Após milhares de manifestantes invadirem a residência oficial do presidente, no último sábado (9), Rajapaksa afirmou que renunciaria e abriria o caminho para uma "transição pacífica" do poder. No entanto, até o momento, ele não cumpriu sua promessa.

O presidente de 73 anos, sua esposa e um guarda-costas deixaram o país nesta manhã a bordo de um avião Antonov-32, que decolou do principal aeroporto internacional do país. No local, o serviço de imigração negou acesso à sala VIP ao casal. Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo da reação da população. "Seus passaportes foram carimbados e eles embarcaram no voo especial da força aérea", indicou um empregado.

Uma fonte do aeroporto de Male, nas Maldivas, confirmou a chegada do presidente, que foi levado para um local não revelado no arquipélago. Horas antes, Rajapaksa havia considerado a possibilidade de deixar o país em um barco de patrulha da marinha, já que no dia anterior não conseguiu entrar em um avião para Dubai após uma briga com o serviço de imigração no aeroporto, segundo fontes oficiais.

Revolta continua

O premiê Wickremesinghe também é alvo dos protestos da população e seu escritório foi invadido nesta quarta-feira. Uma multidão conseguiu entrar no local, mesmo que as forças de segurança tenham reagido atirando bombas de gás lacrimogênio e utilizado jatos d'água para conter os militantes. 

Mais cedo manifestantes tomaram a sede do principal canal de televisão público do país e apareceram por alguns minutos no ar. Um militante entrou no estúdio durante uma transmissão ao vivo e afirmou que só deveriam ser exibidas notícias relacionadas aos protestos. A transmissão foi interrompida e substituída por um programa gravado.

A população está há meses nas ruas exigindo a renúncia de Rajapaksa, acusado de corrupção, autoritarismo e do caos econômico no Sri Lanka. A crise foi agravada pela pandemia de Covid-19 e a população de 22 milhões de habitantes é privada de serviços básicos, de alimentos, medicamentos e combustíveis. O governo declarou moratória da dívida de US$ 51 bilhões em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber um empréstimo.

Entrevistados pela RFI, cidadãos se dividem entre alívio com a fuga do presidente e a revolta com uma provável ausência de julgamento. Outros temem as consequências de uma complexa formação de um governo provisório.

"É uma situação incerta porque o presidente afirmou que iria renunciar, mas isso não aconteceu", afirma um cidadão cingalês, sob anonimato. "Não sabemos mais quem está realmente no comando do país. O presidente nunca soube responder às nossas demandas e agora ele resolveu fugir. É claro que ele tem medo. Essa é a primeira vez que um presidente foge do Sri Lanka desta maneira", diz. 

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