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"Não há mais janelas": moradores voltam para Khan Yunis, destruída pela guerra na Faixa de Gaza

"O cheiro da morte paira sobre Khan Yunis", testemunham os moradores que retornaram à cidade do sul da Faixa de Gaza, de onde o Exército israelense se retirou. Assim como grande parte da população do enclave palestino, os habitantes de Khan Yunis estavam até então refugiados na cidade vizinha de Rafah, relativamente poupada dos combates. Mas, com a saída das tropas israelenses, muitos preferem deixar os acampamentos e voltar para suas casas.

Palestinos atravessam uma rua com escombros e; Khan Yunis, Faixa de Gaza, em 7/04/24.
Palestinos atravessam uma rua com escombros e; Khan Yunis, Faixa de Gaza, em 7/04/24. © AFP
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Reportagem de Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém

Após meses em Rafah, posto fronteiriço entre a Faixa de Gaza e o Egito, onde centenas de milhares de palestinos se refugiaram, Asma decidiu filmar seu retorno para casa, em Khan Yunis. É a primeira vez que ela volta à cidade desde a retirada das tropas israelenses do sul da Faixa de Gaza. 

A chegada ao bairro onde vivia é acompanhada pelo som dos entulhos que estalam sob seus pés. Em sua casa, tudo está revirado. Os armários estão destruídos, panelas estão no chão e uma espessa camada de poeira cobre os móveis.

"Aqui, na sala, não há mais janelas", conta. As explosões estouraram todas as janelas do apartamento. No chão, há vidro por toda parte. "Vamos limpar e consertar tudo com meu irmão, colocar plástico nas janelas. Vamos tentar consertar a porta. Veremos", continua ela.

Escombros

Asma se aventura na varanda. O prédio em frente à casa está em escombros. Ela consegue ver Khan Yunis ao longe, agora transformada em uma cidade fantasma.

Apesar da saída das tropas israelenses, a maioria da população ainda não voltou. Como Asma, outros habitantes de Khan Yunis refugiados em Rafah vieram para ter uma ideia da situação. "Alguns, principalmente homens, já passaram a noite de ontem em Khan Yunis. Mas para as mulheres e crianças, ainda vamos esperar dois ou três dias", relata Asma. O objetivo? Assegurar-se de que as tropas israelenses realmente partiram, afirma a jovem.

População que se refugiou em Rafah retorna Khan Yunis após retirada do exército israelense, em 7/4/24.
População que se refugiou em Rafah retorna Khan Yunis após retirada do exército israelense, em 7/4/24. AFP - MOHAMMED ABED

Gente demais em Rafah

Para ela, a situação em Rafah é "insuportável". "Somos obrigados a voltar para casa. Em Rafah, há gente demais". E ela acrescenta: "[Em Khan Yunis], não teremos eletricidade, água, internet, mas pelo menos estaremos em casa".

Após a breve visita a Khan Yunis e a constatação dos danos em seu apartamento, Asma voltou para Rafah, para esperar que o imóvel seja arrumado. Seu único deseja é poder voltar para casa assim que possível, com a família.

Depois de meses de combates intensos, Khan Yunis não passa de ruínas, testemunham os habitantes. A defesa civil da cidade lançou um apelo às Nações Unidas na segunda-feira para obter equipamentos para remover os corpos, a maioria dos quais, segundo ela, em estado avançado de decomposição.

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