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Moradores celebram fim do Ramadã na Faixa de Gaza em meio a “deserto de ruínas”

O Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do Ramadã, foi celebrado na Faixa de Gaza na noite desta terça-feira (9). Mas a guerra e as condições precárias no enclave, onde faltam água, comida, remédios e assistência médica, estragaram uma das festas mais importantes do Islã.

Palestinos fazem compras na Faixa de Gaza, onde preparam a festa do fim do Ramadã.
Palestinos fazem compras na Faixa de Gaza, onde preparam a festa do fim do Ramadã. REUTERS - Mahmoud Issa
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Rami Al Meghari de Gaza, Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém e Alice Froussard de Ramallah

Sarah passou o mês do Ramadã com seus pais e irmãos em uma tenda de 20 m² no centro da Faixa de Gaza. "O Ramadã não teve graça este ano", lamenta a jovem.

"Não havia clima, tranquilidade, a espiritualidade e os sentimentos que normalmente compartilhamos durante este mês. Desta vez, tivemos o barulho dos drones, que é tão alto que silencia o chamado à oração, que marca o momento da quebra do jejum", conta.

Sarah não esconde sua decepção. "Não preparamos nada para o Eid", explica, dizendo que não é fácil celebrar o fim do Ramadã longe da família e debaixo dos bombardeios.

“Alguns de nossos parentes e amigos estão na Cidade de Gaza. Ouvimos dizer que a guerra terminaria antes do Ramadã e até se falou sobre uma trégua para celebrar o Eid. Acho que vamos passar anos esperando essa guerra acabar. Vamos morrer esperando", conclui.

De volta aos escombros

No norte da Faixa de Gaza, após os bombardeios, Malak voltou a viver nos escombros de sua casa em Jabaliya, que ela descreve como um "deserto de ruínas". "Ninguém pode imaginar o nível da destruição, só vendo com seus próprios olhos. Todo dia é um sofrimento imenso”.

Em suas mensagens enviadas à reportagem da RFI, Malak explica que várias pessoas de sua família morreram em bombardeios israelenses. Hoje, ela se sente prisioneira no norte de Gaza, onde falta tudo e de onde ela não pode sair.

Nos últimos dois meses, ela e sua família só receberam cestas básicas lançadas por aviões que distribuem ajuda humanitária, disputadas a tapas pela população, apesar do risco.

Abdelrahman foi atingido na semana passada por um dos pacotes, que esmagou sua perna. "Corri para pegar a comida jogada de um paraquedas. Foi perigoso, mas você pode morrer levando um tiro dos israelenses ou sendo pisoteado pela multidão. Agora que estou ferido, não consigo mais alimentar meus irmãos e irmãs", lamenta.

Apesar do acidente, Abdelrahman sabe que não teve escolha, já que as prateleiras do mercado estão vazias. Essa situação revolta Sarah, principalmente no período do fim do Ramadã. "Só queria poder ir em algum lugar e gritar, colocar minha raiva para fora. Mas nem isso eu posso fazer. Por enquanto, minha única opção é ficar aqui na barraca, sem nenhuma privacidade", lamenta.

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