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“Não nos interessa um G20 dividido”, diz Lula antes de assumir presidência do grupo

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o próximo a assumir a presidência do G20, se pronunciou neste domingo (10), sinalizando sua oposição sobre o conflito russo na Ucrânia.

Luiz Inácio Lula da Silva (foto ilustrativa)
Luiz Inácio Lula da Silva (foto ilustrativa) REUTERS - UESLEI MARCELINO
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Em Nova Délhi, na Índia, Lula pediu que a agenda do bloco não fosse sequestrada por "questões geopolíticas" no encerramento da cúpula de dois dias em Nova Délhi. O G20 evitou criticar a Rússia por sua invasão da Ucrânia no comunicado final.

“Não nos interessa um G20 dividido. Só com uma ação conjunta é que podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias. Precisamos de paz e cooperação em vez de conflitos”, disse.

Lula se posicionou um dia depois que o grupo das 20 maiores economias mundiais emitiu uma declaração final na qual evitou criticar a Rússia por sua invasão da Ucrânia, um reflexo da falta de consenso no bloco sobre a questão.

Apesar dos Estados Unidos e alguns países europeus apoiarem uma condenação de Moscou, não houve consenso, inclusive sobre a presença da Rússia na cúpula.

O presidente russo, Vladimir Putin, não está em Nova Délhi, onde foi representado por seu ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov. A declaração do G20, divulgada na noite de sábado (9) ao final do primeiro dos dois dias da cúpula, denunciou o uso da força para ganhos territoriais, mas evitou criticar diretamente a Moscou pela invasão iniciada em fevereiro de 2022.

Foco brasileiro

Em uma entrevista na noite de sábado à emissora de televisão indiana Firstpost, Lula disse que a guerra na Ucrânia não deveria fazer parte da agenda do G20, que deveria se concentrar em questões sociais e econômicas.

Em seu discurso no encerramento da cúpula de Nova Délhi, Lula anunciou as três prioridades da agenda brasileira do G20: a luta contra a desigualdade e a fome, a luta contra as mudanças climáticas e a reforma das instituições de governança internacional.

Ainda na entrevista ao Firstpost, Lula garantiu que Putin será convidado para a cúpula do Rio de Janeiro e que não será preso ao entrar no país, apesar do mandado de prisão emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em março passado por crimes de guerra.

Sobre o último ponto da agenda, o presidente insistiu no seu apelo para que mais países se juntem ao Conselho de Segurança da ONU e para que as nações em desenvolvimento tenham mais voz no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial.

"Emergência climática sem precedentes"

O tema que dominou a agenda de Lula na cúpula da Índia foi o apelo à ação contra a mudança climática, com um aviso de que o mundo enfrenta uma "emergência climática sem precedentes".

Contudo, a declaração final de Nova Délhi aborda a questão de uma forma tão básica que foi validada tanto pelos países que defendem a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis como pelos grandes produtores de petróleo e carvão, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Rússia. Apesar da declaração pouco ambiciosa, os participantes da reunião descreveram a cúpula indiana como um "sucesso".

Em particular, o ministro russo Lavrov destacou como uma conquista o fato de "conseguirmos impedir a tentativa ocidental de 'ucranizar' a agenda da cúpula".

O oficial indiano Amitabh Kant, um dos organizadores da cúpula, comentou no sábado que o Brasil ajudou a forjar o acordo sobre a Ucrânia na declaração final, que ele chamou de "a parte mais complexa" da declaração.

Lula agradeceu a Modi pela organização da cúpula, que descreveu como bem-sucedida, e espera organizar o próximo encontro "pelo menos igual" ao de Nova Délhi. Ele anunciou que a próxima cúpula do G20 será realizada em novembro de 2024 no Rio de Janeiro.

(Com AFP)

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