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Com Lula e Biden, mas sem Xi Jinping nem Putin, Índia recebe cúpula do G20

A Índia receberá neste fim de semana a cúpula do grupo das 20 principais economias do mundo (G20), na qual o presidente dos EUA, Joe Biden, tentará aproveitar a ausência dos líderes da China e da Rússia para promover alianças dentro do bloco, que se encontra dividido. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, embarca para Nova Délhi nesta quinta-feira (7), depois de participar das celebrações de Sete de Setembro.

Nova Délhi prepara os últimos detalhes para receber os líderes do G20. Brasil vai assumir a presidência do grupo em dezembro. (05/09/2023)
Nova Délhi prepara os últimos detalhes para receber os líderes do G20. Brasil vai assumir a presidência do grupo em dezembro. (05/09/2023) © Sajjad HUSSAIN / AFP
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Além de Lula, a América Latina será representada também pelo argentino Alberto Fernández. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não comparecerá. Em dezembro, o Brasil assumirá a presidência rotativa do G20.

Fortes divergências sobre a guerra na Ucrânia, a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e a reestruturação da dívida dos países mais pobres dominarão as negociações e poderão complicar os acordos na reunião de dois dias em Nova Délhi.  Biden discutirá "uma série de esforços conjuntos para abordar questões globais", como a mudança climática, e "mitigar os impactos econômicos e sociais da guerra russa na Ucrânia", disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

O presidente chinês, Xi Jinping, será uma das principais ausências do evento, em meio  a crescentes tensões comerciais e geopolíticas com Estados Unidos e a Índia, com a qual a China compartilha uma fronteira longa e conflituosa. Pequim também não esconde o descontentamento com a participação da Índia no chamado Quad, uma aliança de segurança com a Austrália, o Japão e os Estados Unidos e que a China vê como um contrapeso à sua influência na Ásia.

A China não deu explicações para a ausência de Xi na cúpula de 9 e 10 de setembro, limitando-se a dizer que o primeiro-ministro Li Qiang o representaria na reunião das grandes economias, que representam 85% do PIB mundial. A ausência do presidente terá impacto nos esforços de Washington para manter o G20 como o principal fórum para a cooperação econômica global.

"Sem a China a bordo, algumas questões podem não chegar a qualquer conclusão lógica", disse Happymon Jacob, professor de política na Universidade Jawaharlal Nehru, na Índia.

Cúpula aborda a guerra na Ucrânia, mas sem Putin

A guerra na Ucrânia também será um tema importante da reunião, apesar da ausência do presidente russo, Vladimir Putin. Ele será representado pelo ministro das Relações Exteriores do país, Serguei Lavrov.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, deve participar como convidado, já que a Espanha ocupa a presidência rotativa da União Europeia.

"Enquanto a Rússia não acabar com esta guerra, as coisas não poderão continuar normais", disse o porta-voz do governo alemão, Wolfgang Buechner.

As crises globais que o bloco enfrenta são "muito mais difíceis, mais complicadas e mais preocupantes do que têm sido há muito tempo", disse o ministro das Relações Exteriores indiano, S Jaishankar, à televisão NDTV.

A Índia, que acaba de consolidar sua posição como potência espacial, ao colocar uma sonda na Lua em agosto, disse que receber o G20 faz dela um importante ator global. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, retratou o seu país como um líder do Sul Global, uma ponte entre os países industrializados e em desenvolvimento, e procurou expandir o grupo para um “G21", com a inclusão da União Africana.

Modi pretende usar o G20 para construir consenso entre os países para reformar instituições multilaterais, como a ONU, e para ampliar a voz dos grandes países em desenvolvimento, como Índia, Brasil e África do Sul.

Vitrine para Modi

Forças especiais, veículos blindados e homens contratados para espantar macacos fazem parte da organização implantada pela Índia em Nova Délhi para a cúpula do G20 no fim de semana. Imagens de Naredra Modi sorridente cobrem as ruas da capital. O premiê Modi aproveitou a presidência do G20 para polir a sua imagem no país e no exterior e reafirmar o lugar da Índia no mundo, antes das eleições gerais do próximo ano.

A Índia ultrapassou a sua antiga potência colonial, o Reino Unido, no ano passado, tornando-se a quinta maior economia do mundo, e este ano ultrapassou a China como o país mais populoso.

A área metropolitana de Nova Délhi, com cerca de 30 milhões de habitantes, passou por uma intensa transformação desde que a Índia assumiu a presidência do G20, no ano passado. As autoridades da cidade esperam dissipar a imagem de um lugar caótico e poluído.

Mais de 4 mil sem-teto que normalmente ficam debaixo de pontes e pelas ruas do centro foram transferidos para "abrigos" antes da cúpula, segundo as autoridades municipais.

Várias fontes que estavam fechadas há anos voltaram a funcionar e cerca de 70 mil vasos foram colocados em toda a cidade, com 35 caminhões-cisterna mobilizados para manter as plantas verdes, informou o jornal Times of India.

Também foram instaladas estátuas no centro da cidade, incluindo uma de 8,5 metros de altura do deus hindu Shiva, na entrada do local da cúpula.

Macacos, convidados indesejados

Uma equipe de mais de 30 "homens-macaco" foi mobilizada e figuras de primatas em tamanho real foram instaladas para impedir que macacos saqueadores comam os arranjos de flores instalados e perturbem a cúpula.

Os macacos são uma ameaça na cidade, onde costumam destruir jardins, escritórios e telhados residenciais, atacando inclusive pessoas para levar comida.

Os "homens-macaco" imitam os gritos dos agressivos macacos langur, inimigos naturais do pequeno macaco rhesus que causa problemas nas áreas governamentais da capital.

No entanto, as autoridades suspenderam as tentativas de enfrentar outro desafio – capturar e esconder milhares de cães de rua –, depois que o esquema irritou os moradores de Nova Délhi e os ativistas dos direitos dos animais.

Nova Délhi tem muitos casos de dengue e malária, ambas transmitidas por mosquitos, e oito equipes pulverizaram com inseticidas criadouros no local da cúpula, informou o Hindustan Times. Um funcionário disse ao jornal que lotes de peixes que se alimentam de larvas de mosquitos foram soltos em cerca de 180 lagos e lagoas da cidade.

Com informações da AFP

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