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Belarus condena jornalista dissidente que teve avião desviado a oito anos de prisão

Um tribunal bielorrusso condenou nesta quarta-feira (3) a oito anos de prisão Roman Protasevich, um ex-jornalista dissidente preso em 2021 após a interceptação de um avião comercial que sobrevoava a União Europeia. O caso gerou indignação e sanções de países ocidentais contra o governo autoritário de Belarus. A sentença foi pronunciada na data em que é celebrado o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

O jornalista dissidente Roman Protasevich apareceu em uma entrevista à TV bielorrussa em 3 de junho de 2021 (foto), na qual a oposição afirma que ele foi obrigado a admitir irregularidades que não cometeu.
O jornalista dissidente Roman Protasevich apareceu em uma entrevista à TV bielorrussa em 3 de junho de 2021 (foto), na qual a oposição afirma que ele foi obrigado a admitir irregularidades que não cometeu. © Capture écran
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Segundo a agência de notícias pública Belta, Stepan Putilo e Yan Rudik, outros dois réus exilados no exterior, foram condenados à revelia a 20 e 19 anos de prisão. Eles foram acusados de uma série de crimes, incluindo apelos públicos para "tomar o poder" e cometer "atos de terrorismo" e insultos ao chefe de Estado bielorrusso, Alexander Lukashenko. A Promotoria havia pedido 20 anos de prisão para Putilo, 19 anos para Rudik e 10 anos para Protasevich.

Os três jovens indiciados neste emblemático processo de repressão em Belarus fundaram ou trabalharam para o veículo de oposição Nexta, que desempenhou um papel fundamental no movimento de protesto de 2020, que reivindicava a organização de eleições livres nessa ex-república soviética aliada de Moscou. 

Protasevich foi preso em 23 de maio de 2021 com sua namorada, Sofia Sapega, quando o avião da Ryanair em que viajavam entre Atenas e Vilnius foi interceptado por um caça bielorrusso. A União Europeia e os Estados Unidos condenaram a operação.

Durante os protestos históricos de agosto de 2020 contra a reeleição de Lukashenko, o Nexta divulgou massivamente convocações para manifestações e imagens dos protestos e da repressão policial. As autoridades proibiram o veículo, que foi classificado como uma "organização terrorista" pelo Judiciário bielorrusso.

A ironia acerca dessas sentenças é que elas são anunciadas no dia em que a ONG Repórteres sem Fronteiras publica o ranking mundial da liberdade de imprensa de 2023. De 180 países avaliados pela organização francesa, Belarus ocupa atualmente a 157ª posição, o que representa uma queda de quatro posições em relação à classificação de 2022. 

Cooperação forçada

Após a sua detenção, Protasevich aceitou cooperar com a investigação e afirmou estar arrependido em vídeos exibidos pela televisão pública bielorrussa que, segundo a oposição, foram gravados "sob coação".

Nesta quarta-feira (3), ele apareceu abatido no tribunal de Minsk, sozinho no banco dos réus, segundo imagens divulgadas pela agência Belta.

"Protasevich respeitou os termos do acordo de cooperação concluído com ele. Consequentemente, o réu receberá menos (punição) do que poderia", tinha antecipado a promotora Natalia Sokolova à televisão bielorrussa no final de abril.

Desde junho de 2021, esse ex-jornalista está em prisão domiciliar. Já a namorada do bielorrusso, Sofia Sapega, de nacionalidade russa, foi condenada a seis anos de prisão. Minsk e Moscou estão negociando que ela seja transferida para a Rússia, para terminar de cumprir pena no país onde nasceu.

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