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Putin declara apoio a Lukashenko diante das fortes críticas após interceptação de voo civil

O presidente russo Vladimir Putin reafirmou nesta sexta-feira (28) o seu apoio ao líder autoritário de Belarus, Alexander Lukashenko, que enfrenta fortes críticas dos países ocidentais após a interceptação de um avião comercial e a prisão de um jornalista opositor que estava a bordo da aeronave.

Vladimir Putin e Alexander Lukashenko se encontraram pela primeira vez desde a crise provocada pela interceptação de um voo comercial.
Vladimir Putin e Alexander Lukashenko se encontraram pela primeira vez desde a crise provocada pela interceptação de um voo comercial. AP - Mikhail Klimentyev
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Putin acolheu calorosamente o seu homólogo para uma reunião às margens do Mar Negro, em Sochi. O encontro já estava planejado antes do desvio do voo da Ryanair no domingo (23), classificado como "pirataria" aérea por países europeus.

A aeronave foi interceptada por um alerta de bomba que se revelou falso. A investigação indica que o alerta de bomba, que as autoridades bielorrussas mencionaram como desculpa para justificar o desvio do voo, foi uma encenação, como afirma a União Europeia.

O blogueiro e opositor de Lukashenko, Roman Protassevich, foi preso durante a escala forçada em Minsk. Acusado de ter organizado motins, o ativista pode pegar até 15 anos de prisão.

Em retaliação, a maioria dos países europeus proíbe que seu espaço aéreo seja usado por aviões de passageiros bielorrussos e aconselha suas empresas a não sobrevoarem Belarus. A União Europeia também está considerando novas sanções contra o governo de Minsk.

Durante a reunião, Vladimir Putin concordou com Alexander Lukashenko que “os países ocidentais se deixaram levar pela emoção”. O presidente russo insistiu que a reação havia sido diferente quando o avião do presidente boliviano, Evo Morales, foi forçado a pousar na Áustria, em 2013, quando os Estados Unidos tentaram interceptar Edward Snowden, autor de revelações sobre espionagem americana no exterior. "Uma vez, forçaram o avião do presidente boliviano a pousar e, em seguida, silêncio", reagiu Putin.

Alexander Lukashenko, por sua vez, garantiu ao presidente russo que mostraria documentos confidenciais sobre o incidente de domingo, o que lhe permitiria entender a realidade e o desenrolar dos fatos. “Sempre há alguém que nos causa problemas. Você os conhece e vou explicar”, disse o presidente bielorusso ao seu homólogo. “Trouxe documentos para que você entenda o que está acontecendo," afirmou.

Mergulho político

Sorrindo e aparentemente relaxado, Vladimir Putin propôs ao convidado um mergulho no mar, sugestão aceita por Alexander Lukashenko. A Rússia considera seu vizinho de 9,5 milhões habitantes como um "amortecedor" estratégico em seu flanco oeste, e expressa seu apoio a esta antiga república da União Soviética, refutando suspeitas ocidentais sobre o seu próprio envolvimento e possível cumplicidade na interceptação do avião.

Os dois países vêm discutindo há vários anos uma maior integração. Este projeto preocupa os oponentes de Alexander Lukashenko, que suspeitam que o presidente bielorrusso, no poder há 27 anos, esteja pronto para “vender” parte da soberania de seu país, em troca do apoio de Moscou.

Vladimir Putin disse a Alexander Lukashenko que eles continuariam a construir esta união de seus dois países, mas com consistência, sem pressa e com discrição.

EU propõe ajuda pró-democracia

A União Europeia apresentou nesta sexta-feira um projeto de apoio à Belarus de até € 3 bilhões em ajuda ao país, no caso de uma transição democrática, quando Alexander Lukashenko deixar o poder.

As linhas gerais de um futuro plano abrangente de apoio econômico foram divulgadas pela Comissão que representa os 27 Estados-Membros. O bloco europeu não considera "livres e nem justas" as eleições presidenciais de agosto de 2020, que reelegeram Lukashenko.

Também nesta sexta-feira, a Lituânia expulsou dois diplomatas de Belarus.

A Rússia classificou a reação dos ocidentais de "chocante". O Ministro das Relações Exteriores ruisso, Sergey Lavrov, acusa os europeus de "demonizarem" o poder em Minsk.

(Com informações da AFP)

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