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Honduras rompe relações diplomáticas com Taiwan e se aproxima da China

China e Honduras estabeleceram relações diplomáticas neste domingo (26), um revés para Taiwan, que perde um aliado e denuncia a "coerção e intimidação" de Pequim. Tegucigalpa havia anunciado algumas horas antes o rompimento de seus laços com Taipei, que agora é reconhecida apenas por 13 Estados do mundo.

O ministro das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Reina, e seu colega chinês, Qin Gang, assinaram um comunicado conjunto em Pequim, em 26 de março de 2023.
O ministro das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Reina, e seu colega chinês, Qin Gang, assinaram um comunicado conjunto em Pequim, em 26 de março de 2023. © GREG BAKER / POOL/AFP
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"Os dois governos decidiram se reconhecer e estabelecer relações diplomáticas", informou o Ministério das Relações Exteriores da China em um comunicado. "Esta é uma escolha sábia, em linha com as tendências atuais", completou.

A China considera a ilha de Taiwan, com 23 milhões de habitantes, uma de suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto de seu território desde o fim da guerra civil. Concluído em 1949, o conflito opôs os comunistas (que eventualmente tomaram o poder na China continental) contra o exército nacionalista (forçado a recuar para a ilha).

Em sete décadas, o exército comunista nunca conseguiu conquistar a ilha, que permaneceu sob o controle da "República da China" - que já governou toda a China e agora governa apenas Taiwan.

Em cerimônia em Pequim neste domingo, o chanceler hondurenho, Enrique Reina, assinou um documento reconhecendo o estabelecimento de relações diplomáticas com seu colega chinês, Qin Gang, diante de uma fileira de bandeiras dos dois países. Eles também realizaram um brinde para celebrar a aproximação.

"Teremos o maior prazer em receber o presidente [hondurenho], Xiomara Castro, na China o mais rápido possível", disse Qin Gang, saudando as relações bilaterais "que estão navegando em direção a um futuro brilhante" e "beneficiarão ambos os países e seus povos".

“Vamos enviar esta mensagem às autoridades taiwanesas: promover a independência e o separatismo em Taiwan, ir contra a vontade e os interesses da nação chinesa (...) é um beco sem saída”, enfatizou.

Honduras iludida

Em nome do "princípio de uma única China", Pequim não permite que países estrangeiros tenham relações diplomáticas simultaneamente também com Taipei. A ilha, no entanto, tem parcerias não-oficiais com muitas nações.

Em um comunicado de imprensa de seu ministério publicado na noite de sábado (25), Enrique Reina declarou que havia "comunicado a Taiwan a decisão de romper relações diplomáticas".

Em resposta, o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, acusou Honduras neste domingo de "se iludir" sobre as promessas chinesas de ajuda econômica. “A China não para de tentar atrair Honduras com incentivos financeiros”, lamentou ele em entrevista coletiva em Taipei.

Em 15 de março, Reina invocou as "enormes necessidades" de Honduras em questões econômicas e a recusa de Taiwan em aumentar sua ajuda para justificar o desejo de estabelecer relações com Pequim.

"O rompimento das relações diplomáticas entre nosso país e Honduras faz parte de uma série de coerção e intimidação da China", afirmou o gabinete do presidente taiwanês, Tsai Ing-wen, neste domingo. "A China vem reduzindo o lugar [de Taiwan] no cenário internacional há muito tempo, colocando unilateralmente em perigo a paz e a estabilidade regional."

A favor da independência

As autoridades chinesas têm procurado isolar diplomaticamente Taiwan desde que Tsai chegou ao poder em 2016. Ela vem de um partido tradicionalmente a favor da independência. Uma linha vermelha absoluta para Pequim, que ameaça intervir militarmente para evitar tal cenário e aumentou sua pressão econômica e militar na ilha.

Nos últimos anos, Pequim já havia afastado diversos aliados latino-americanos de Taipei. Entre os Estados que ainda mantêm relações diplomáticas com Taiwan estão o Vaticano, Eswatini (antiga Suazilândia), Paraguai, nações insulares do Pacífico e Haiti.

Este novo revés diplomático ocorre quando Tsai Ing-wen deve partir na quarta-feira (29) para uma viagem de dez dias a dois de seus últimos aliados, Belize e Guatemala. A presidente também deve parar nos Estados Unidos, iniciativa condenada por Pequim.

O presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, anunciou que se encontraria com Tsai na Califórnia, com o Departamento de Estado americano dizendo que a viagem planejada era uma "passagem" e não uma "visita".

(Com informações da AFP)

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