Acessar o conteúdo principal

Taiwan convoca embaixador em Honduras para protestar contra relações do país com a China

Taiwan anunciou nesta quinta-feira (23) a convocação de seu embaixador em Honduras para protestar contra a visita do chefe da diplomacia hondurenha à China, que simboliza a perda de mais um aliado latino-americano de Taipei.

Las banderas de Honduras (izq) y de Taiwán ondean en una plaza de Tegucigalpa el 15 de marzo de 2023.
Las banderas de Honduras (izq) y de Taiwán ondean en una plaza de Tegucigalpa el 15 de marzo de 2023. © / AFP/Archivos
Publicidade

"Honduras ignorou mais de 80 anos de amizade (entre Taipei e Tegucigalpa) ao enviar seu ministro das Relações Exteriores à China, o que feriu gravemente os sentimentos de nosso governo e de nosso povo", disse o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan, por comunicado. “Decidimos chamar imediatamente nosso embaixador em Honduras para expressar nossa profunda insatisfação”, acrescenta o texto.

O anúncio ocorreu após uma visita à China do ministro das Relações Exteriores de Honduras, Eduardo Enrique Reina, para discutir o estabelecimento de relações diplomáticas com Pequim.

A China reivindica a ilha democrática e autônoma de Taiwan como parte de seu território – que pretende retomar, inclusive pela força, se necessário. Em 14 de março, a presidente de Honduras, Xiomara Castro, anunciou que o país iria estabelecer "relações oficiais com a República Popular da China".

Em nome do princípio de "uma China", o poder comunista em Pequim não aceita manter relações diplomáticas com países que têm relações com Taipei. Qualquer reconhecimento da República Popular da China conduz ao rompimento das ligações entre o país e Taiwan.

Se Honduras romper oficialmente com Taiwan, a ilha teria apenas 13 países com os quais mantém relações diplomáticas oficiais, tendo perdido vários aliados latino-americanos nos últimos anos.

Relações com Tegucigalpa

O chanceler hondurenho viajou à China com a deputada Xiomara Zelaya, filha da presidente do país, disseram à AFP três funcionários do governo e da diplomacia de Honduras, sob condição de anonimato. O Ministério das Relações Exteriores da China não confirmou a visita, mas na quinta-feira, o porta-voz Wang Wenbin disse que o país está "pronto" para estabelecer relações com Tegucigalpa.

"A China agradece as observações positivas feitas pelo governo hondurenho sobre o desenvolvimento das relações com a China e está pronta para estabelecer e desenvolver relações bilaterais com Honduras com base na igualdade e no respeito mútuo", disse Wang.

Reina alegou, em 15 de março, "as enormes necessidades" de Honduras e a recusa de Taiwan em aumentar sua ajuda ao país para justificar o estabelecimento de relações com Pequim.

Questão econômica

Honduras é um dos países mais pobres da América Latina, com quase 74% de seus 10 milhões de habitantes vivendo na pobreza. Reina avalia que a dívida interna e externa do país seja de U$ 20 bilhões (pouco mais de R$ 100 bilhões), dos quais 600 milhões são devidos a Taiwan.

A mudança, prometida por Castro durante sua campanha eleitoral, aconteceu algumas semanas depois que o governo anunciou que estava negociando com a China a construção de uma hidrelétrica.

Respondendo a perguntas de legisladores sobre relatos de que Honduras solicitou ajuda adicional de Taipei, o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, disse na quinta-feira que seu governo não estava preparado para aceitar um "pedido irracional".

"Vou ser honesto, estamos em uma situação muito difícil. Ainda estamos fazendo o nosso melhor e faremos o nosso melhor até o último minuto", disse ele. "Mas não aceitaremos nenhum pedido irracional, seja de Honduras ou de outro país, especialmente se não for transparente”, acrescentou.

Em uma declaração separada sobre o mesmo assunto, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse que a ilha "não se envolverá na diplomacia do dólar com a China". Ele também quis "lembrar mais uma vez ao governo hondurenho que não deve cair na armadilha da dívida chinesa".

A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, partirá no dia 29 de março para uma viagem de 10 dias para fortalecer os laços com dois de seus aliados remanescentes na América Central, Belize e Guatemala, e também fará escala nos Estados Unidos.

Em 7 de março, o presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, confirmou que se encontraria com a presidente na Califórnia. O Departamento de Estado dos EUA disse que a viagem planejada era um "trânsito" e não uma "visita". Pequim expressou sua oposição a esta reunião.

(Com informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.