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Macron tem "discussão clara e sincera" com Elon Musk sobre moderação de conteúdo

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o homem mais rico do mundo, Elon Musk, se felicitaram nesta sexta-feira (2) depois de discutirem sobre moderação de conteúdo no Twitter, quando o empresário até agora tomou decisões amplamente contrárias às recomendações do chefe de Estado francês e de outros líderes europeus.

O presidente da França, Emmanuel Macron, e o empresário Elon Musk se encontram em Nova Orleans, Louisiana, EUA. Em 2 de dezembro de 2022.
O presidente da França, Emmanuel Macron, e o empresário Elon Musk se encontram em Nova Orleans, Louisiana, EUA. Em 2 de dezembro de 2022. via REUTERS - TWITTER @EMMANUELMACRON
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"Estou falando disso aqui, no Twitter, porque é disso que se trata. Esta tarde, conheci Elon Musk e tivemos uma discussão clara e sincera", escreveu Macron em visita de Estado aos Estados Unidos.

O encontro aconteceu em Nova Orleans, durou cerca de uma hora, não havia sido anunciado anteriormente pelo Palácio do Eliseu e foi mantido longe da imprensa. “Termos de utilização transparentes, reforço significativo da moderação dos conteúdos e proteção da liberdade de expressão: o Twitter deve se esforçar para cumprir os regulamentos europeus”, acrescentou Macron em uma série de tuítes.

O presidente francês também disse ter discutido com o cofundador da Tesla "futuros projetos industriais verdes, como a produção de veículos elétricos e baterias". "Foi uma honra vê-lo novamente", respondeu Elon Musk, dizendo que estava "impaciente" com "projetos empolgantes na França".

O empresário comprou a influente plataforma no final de outubro por US$ 44 bilhões. Sua visão absolutista de liberdade de expressão preocupa muitos usuários, autoridades e anunciantes, que temem uma onda de ódio e desinformação. "Elon Musk confirmou a adesão do Twitter ao Christchurch Call. Conteúdos terroristas e violentos não são tolerados", detalhou Macron, referindo-se a uma iniciativa lançada por diversos Estados e ONGs em 2019, após o atentado em Christchurch, na Nova Zelândia, cujas imagens permaneceram acessíveis online por horas.

Donald Trump redimido

Musk havia prometido inicialmente um conselho de moderação de conteúdo responsável por todas as decisões importantes, mas ele mesmo finalmente decidiu restaurar muitas contas, a começar pela do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, banido após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021.

O empresário também pôs fim ao combate às informações falsas ligadas à Covid-19, o que é um "grande problema", na opinião de Emmanuel Macron. "Acho que temos que encarar o assunto de frente, sou a favor exatamente do contrário, mais regulamentação. Fazemos isso [na França] e fazemos a nível europeu", declarou ele em uma entrevista à ABC.

A liberdade de expressão "implica responsabilidades e limites. Você não pode sair e fazer comentários racistas ou antissemitas. Para mim, é um ponto é importante a defender", ele acrescentou.

Na última quarta-feira (30), o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, disse a Elon Musk que "ainda havia muito trabalho a fazer". O Twitter terá que "reforçar significativamente a moderação de conteúdo (...) e combater a desinformação", afirmou, de acordo com um relatório de sua conversa por telefone.

Moderação de conteúdo

O novo dono do Twitter demitiu mais da metade dos funcionários do grupo californiano, e as equipes de moderação de conteúdo não foram poupadas. De acordo com diversas ONGs, incluindo o Center for Countering Digital Hate, as mensagens racistas, homofóbicas, misóginas e antissemitas aumentaram "de forma chocante" na plataforma no mês passado.

"Completamente falso", tuitou Elon Musk em resposta a um artigo do New York Times detalhando as descobertas das associações. Ele afirmou que o número de vezes que tuítes contendo discurso de ódio são vistos pelos usuários "continua diminuindo". 

A conta do rapper americano Kanye West foi suspensa por "incitação à violência", principalmente após a publicação de comentários de admiração a Hitler. E Elon Musk se opõe ao retorno de Alex Jones, o conspirador americano de extrema direita condenado por alegar que um massacre escolar foi apenas um show encenado por oponentes de armas. Tendo vivido a experiência da morte de seu primeiro filho, o multibilionário explicou que será "sem piedade para com quem usar a morte de crianças para [obter] ganhos financeiros, políticos ou de fama".

Emmanuel Macron também concluiu sua série de tuítes declarando: "Vamos trabalhar com o Twitter para melhorar a proteção das crianças online. Elon Musk me confirmou hoje. Vamos proteger melhor nossas crianças online!"

(Com informações da AFP)

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