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Irã: estudantes voltam às ruas apesar de ameaças dos Guardiões da Revolução

Milhares de jovens desafiaram o governo do Irã neste sábado (29) ao sair às ruas de diversas cidades do país para protestar contra a repressão. Nesta manhã, o comandante dos Guardiões da Revolução ameaçou os manifestantes. 

Manifestação contra a repressão das forças de segurança em Teerã, na quinta-feira (27).
Manifestação contra a repressão das forças de segurança em Teerã, na quinta-feira (27). AP
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Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram estudantes da capital Teerã, Kerman (no sudeste) e Kermanshah (noroeste) em manifestações neste sábado. Segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw, as forças de segurança atiraram contra universitários em Kermanshah. Ao menos duas jovens foram gravemente feridas e estão hospitalizadas em estado crítico.

Mais cedo, o general Hussein Salami, comandante dos Guardiões da Revolução, o exército ideológico do país, ameaçou a população sobre a continuação dos protestos. Segundo ele, esse sábado é o último dia em que as manifestações serão toleradas no país. 

A revolta da população teve início em meados de setembro, após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que foi presa pelo uso do véu islâmico de forma inadequada, segundo alegou a polícia da moral. Duramente reprimido pelas forças de ordem, o movimento é considerado como o maior no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979. Ao menos 160 pessoas foram mortas em pouco mais de um mês, entre elas, muitos jovens.

Repressão nas universidades

Na madrugada deste sábado, as forças de segurança iranianas alvejaram um hospital e um dormitório universitário no oeste do país. Em um vídeo publicado nas redes sociais, dezenas de policiais aparecem chegando à Universidade de Ciências Sociais a bordo de motocicletas e em seguida abrindo fogo contra o prédio. 

"Morte ao ditador!", gritaram dezenas de manifestantes durante uma cerimônia que marcou o luto de 40 dias após a morte do militante Mohsen Mohammadi, de 28 anos. Ele morreu no último 19 de setembro após ter sido atingido por uma bala das forças de ordem em uma manifestação em Divandarreh, no noroeste do país.

Na noite de sexta-feira (28), a polícia também atirou contra participantes de um protesto diante do hospital Kowsar, em Sanandaj, capital do Curdistão iraniano. O ato tinha o objetivo de proteger um militante ferido e internado no local, ameaçado de prisão pelas forças de ordem. Um pouco antes, manifestantes fugiram de tiros em Zahedan, no sudeste, onde a população também se revoltou com o estupro de uma jovem atribuído a um membro das forças de segurança iranianas. 

Pressão diplomática

Na sexta-feira, Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG Irã Human Rights, baseada em Oslo, pediu que a ONU aumente a "pressão diplomática sobre o Irã e crie um mecanismo de investigações para julgar os responsáveis da repressão. "O risco de um massacre é real e a ONU deve fazer de tudo para isso não aconteça", disse.

Os dirigentes iranianos continuam a apontar como responsáveis pela revolta "inimigos" de Teerã. Em um comunicado conjunto, o governo e os Guardiões da Revolução acusaram a CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos) e seus aliados, "Reino Unido, Israel e Arábia saudita", de complô contra a República Islâmica.  

Neste sábado, o general Hussein Salami também afirmou que dirigentes sauditas incitam as manifestações exibindo vídeos dos protestos. "Avisamos aos Al-Saoud [família real saudita] e às mídias sob o controle de deles que tomem cuidado", alertou o comandante dos Guardiões da Revolução. "Vocês, que provocam as pessoas e semeiam grãos da discórdia mostrando imagens [da mobilização], pensem um pouco naquilo que pode acontecer com vocês", reiterou.

(Com informações da AFP

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