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Irã

Repressão a protestos no Irã causou mais de 300 mortes em novembro, diz Anistia Internacional

Pelo menos 304 pessoas morreram no Irã vítimas da repressão aos protestos que tomaram conta do país entre os dias 15 e 18 de novembro. Entre elas, jornalistas, defensores de direitos humanos e estudantes. O balanço foi publicado nesta segunda-feira (16) pela Anistia Internacional, que denunciou “a repressão implacável do governo.”

rã – Anistia Internacional afirma que 304 pessoas já morreram nos conflitos nas últimas semanas.
rã – Anistia Internacional afirma que 304 pessoas já morreram nos conflitos nas últimas semanas. REUTERS/Alaa al-Marjani
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Em um comunicado, a Anistia Internacional alertou para as prisões durante os protestos.  De acordo com o balanço inicial divulgado pela organização, em 2 de dezembro, 208 pessoas haviam morrido nas manifestações – 96 a menos depois da revisão dos dados.

"As autoridades iranianas continuam a repressão após as manifestações em todo o país, que começaram em 15 de novembro, prendendo milhares de manifestantes, jornalistas, defensores de direitos humanos e estudantes para impedir que digam o que pensam dessa repressão implacável", acusou a ONG de defesa dos direitos humanos em uma declaração. Entre as pessoas detidas e assassinadas também estão menores e crianças, segundo a representante da Anistia Internacional na França, Anne-Sophie Simpere, entrevistada pela RFI. “Há pelo menos dois menores, de 15 e 17 anos, que foram mortos, e crianças enviadas para centros de detenção”, declarou.

A Anistia Internacional também alertou para a intenção do governo iraniano de calar a população através da intimidação. “As autoridades iranianas, quase imediatamente após o massacre de centenas de pessoas, lançaram uma repressão em larga escala para estabelecer entre elas o medo de falar abertamente sobre o que aconteceu”, diz o texto do comunicado. Os protestos começaram em 15 de novembro, após o anúncio do aumento do preço do combustível, em meio a uma crise econômica, e se espalharam por centenas de cidades iranianas.

A coleta de informações que permite determinar o que aconteceu durante os protestos é difícil no Irã, lembra Simpere. “A partir do dia 16 de novembro, no dia seguinte às manifestações, as autoridades iranianas bloquearam totalmente a internet, durante praticamente uma semana”, explicou. A organização agora tenta recolher o maior número de dados possíveis e analisar os vídeos para identificar vítimas e responsáveis, além de identificar o local onde as imagens foram obtidas.

Vítimas são alvo de ameaças

De acordo com a representante francesa da Anistia Internacional, outra dificuldade é que as famílias das vítimas também são alvo constantes de ameaças. “As autoridades fazem o possível para esconder o que aconteceu”, declara. “Para as testemunhas, falar é algo extremamente arriscado”, ressalta. As autoridades iranianas prendem as pessoas em casa ou em seu local de trabalho e as levam para centros de detenção "onde os direitos humanos simplesmente não existem", reiterou.

Nesses locais, ressalta Anne-Sophie, há riscos reais de tortura física e psicológica, confissões obtidas à força e outros tipos de tratamentos desumanos. “Há uma verdadeira onda de detenções, ouvimos dizer que cerca de 7.000 pessoas foram presas”, diz. As penitenciárias estão lotadas e os presos não têm direito a um advogado ou a entrar em contato com suas famílias. “É muito difícil saber o que está acontecendo com eles”, afirmou.

Algumas pessoas foram liberadas, explica a representante francesa da organização, mas muitas continuam detidas sem que suas famílias tenham qualquer tipo de informação sobre o que aconteceu com elas. A internet voltou a funcionar, mas ainda continua sendo difícil verificar qual é o destino desses prisioneiros. “Por isso a Anistia Internacional pede à comunidade internacional e às Nações Unidas que façam pressão para obter autorização para visitar os locais de detenção ou hospitais”, declarou.

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