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Repressão

Irã diz que cinco morreram em protestos, mas Anistia denuncia 100 vítimas fatais

A Anistia Internacional informou nesta terça-feira (19) que mais de 100 manifestantes podem ter morrido no Irã durante o movimento de protestos contra o aumento do preço da gasolina, que ocorrem desde a semana passada. O governo contabiliza um número bem menor de vítimas fatais. A internet está inacessível em boa parte do país, tornando difícil o estabelecimento de balanço detalhado da situação.

Polícia dispersa manifestantes nas ruas de Teerã durante protesto contra aumento do preço dos combustíveis.
Polícia dispersa manifestantes nas ruas de Teerã durante protesto contra aumento do preço dos combustíveis. Nazanin Tabatabaee/WANA
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"Ao menos 106 manifestantes em 21 cidades foram mortos", apontou a organização humanitária em um comunicado, no qual denuncia o uso de “força letal contra reuniões pacíficas". A ONG alerta ainda que "o balanço real pode ser muito mais elevado”, e diz ter dados que levam a crer que até 200 pessoas já teriam sido mortas.

A Anistia baseou suas afirmações em "vídeos verificados, testemunhos de pessoas e informações" de ativistas de direitos humanos fora do Irã. Segundo a entidade, as forças de segurança "receberam permissão para massacrar" as manifestações.

Os vídeos citados pela ONG mostram membros das forças de segurança usando armas de fogo, canhões de água e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. “As imagens de capsulas no chão, além do grande número de mortes, indicam que foram usadas balas reais". Os vídeos também mostraram "atiradores de elite nos telhados de edifícios disparando contra a multidão e, em um caso, o uso de um helicóptero", continuou a ONG, sediada em Londres.

"As autoridades devem pôr um fim imediato nessa repressão brutal e mortal", disse Philip Luther, diretor de pesquisa da Anistia Internacional para a região do Oriente Médio e Norte da África. A ONG pediu às autoridades que "acabem com o bloqueio quase total da Internet, imposto para impedir o fluxo de informações sobre a repressão para o mundo exterior".

Segundo informações publicadas na mídia iraniana, cinco mortes foram confirmadas oficialmente, incluindo a de três policiais.

Economia sufocada por sanções americanas

Os protestos começaram na noite de sexta-feira (15), poucas horas após o anúncio da reforma do sistema de subsídios à gasolina, provocando um aumento significativo de preços. Há dez anos Teerã tenta reajustar o valor dos combustíveis no país, um dos maiores produtores mundiais de petróleo.

No entanto, as manifestações também acontecem em um contexto de tensão econômica. O país vive em recessão desde 2018, quando os Estados Unidos saíram unilateralmente do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano e impuseram novas sanções econômicas ao Irã.

O PIB iraniano caiu 4,8% em 2018 e deve cair novamente 9,5% este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional. A inflação, causada pela queda do rial, a moeda local, é oficialmente de 40%.

(Com informações da AFP)

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