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Irã/Repressão

Polícia matou mais de 200 manifestantes em três semanas no Irã, afirma Anistia

A Anistia Internacional divulgou nesta quarta-feira (4) um balanço provisório dos confrontos entre manifestantes e policiais durante os protestos que tomaram conta do Irã há três semanas. Segundo a ONG, 208 pessoas foram mortas. Teerã contesta a informação e afirma que cinco vítimas fatais foram registradas até agora.

Polícia dispersa manifestantes nas ruas de Teerã durante protesto contra aumento do preço dos combustíveis.
Polícia dispersa manifestantes nas ruas de Teerã durante protesto contra aumento do preço dos combustíveis. Nazanin Tabatabaee/WANA
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Desde que os protestos começaram, desencadeados pelo anúncio de um aumento inesperado do preço da gasolina em meados de novembro, a comunidade internacional tem poucas informações concretas sobre as manifestações no Irã. O acesso à internet chegou a ser suspenso, tornando ainda mais opaca a situação.  

“É extremamente difícil ter informações exatas sobre o que está acontecendo no Irã, pois as autoridades fazem tudo para esconder essa repressão brutal e assassina”, afirma Katia Roux, da Anistia Internacional, em entrevista à RFI. No entanto, a ONG conseguiu, a partir de relatos de moradores e vídeos gravados nas ruas do país, estabelecer um primeiro balanço. “Segundo nossos números, 208 vítimas fatais foram registradas desde o início das manifestações. Mas é muito provável que o número de mortos seja bem maior”, afirma a representante da entidade de defesa de direitos humanos.

Manifestante que queimar pneu não merece ficar preso, diz presidente

Ela explica que há vítimas em pelo menos dez províncias do país, inclusive na região da capital Teerã, e que a polícia tem agido com extrema violência. “Nós conseguimos mostrar que as forças de segurança iranianas estão usando armas de fogo intencionalmente contra pessoas desarmadas, que não representavam nenhum tipo de ameaça”, insiste. Ela se baseia em vídeos que mostram policiais atirando a queima roupa em manifestantes. “Em algumas imagens vemos membros das forças de ordem posicionados no telhado de prédios públicos, inclusive do ministério da Justiça, atirando em gente na rua”, relata.

O governo iraniano contesta as informações divulgadas pela ONG. Segundo Teerã, cinco pessoas morreram. Além disso, o presidente Hassan Rohani defendeu nesta quarta-feira a libertação dos "inocentes" detidos durantes os protestos. "De todas as pessoas que foram presas, é claro que existem inocentes que devem ser libertados", disse o chefe de Estado em discurso transmitido pela televisão pública.

"Alguns cometeram crimes, outros não. (Por exemplo) alguém pôs fogo em pneus; não devemos mantê-lo preso por isso", afirmou.

Familiares não podem realizar funeral nem falar com imprensa

A representante da Anistia também chama a atenção para a censura imposta no país, que vai além dos manifestantes. “De acordo com as informações que conseguimos recolher, as autoridades iranianas estão exercendo uma forte pressão nos familiares das vítimas. Elas ameaçam os parentes de prisão caso falem com a imprensa para contar o que está acontecendo. Eles são ameaçados até se organizarem um funeral para seus parentes mortos”, relata.

Katia Roux, insiste que o Irã é palco de violações explícitas do direito internacional. “As forças de segurança só podem usar armas letais como último recurso e apenas para proteger outras pessoas vítimas de ameaça de morte ou de ferimento grave. Temos provas de que estamos longe desse tipo de situação. Então, os responsáveis da repressão devem responder por seus atos”, insiste. A representante da Anistia pede uma mobilização da comunidade internacional. “É preciso ter investigações independentes, imparciais e eficazes para condenar com firmeza essas mortes e qualificar como injustificável o uso da força com o objetivo de esmagar os dissidentes”, finaliza.

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