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Turquia/ ataque

Governo e oposição da Turquia trocam farpas após pior atentado da história

O governo e a oposição da Turquia trocam farpas neste sábado (10), após o maior atentado terrorista da história do país. Pelo menos 97 pessoas morreram e 186 ficaram feridas na capital, Ancara. As vítimas participariam de uma passeata pela paz no centro da cidade. O ataque ocorre em um momento de intenso conflito político interno - daqui a três semanas, os turcos irão às urnas para escolher a formação do Parlamento.

Corpos de vítimas ficaram espalhados pelo chão, em frente à principal estação de trem de Ancara, capital da Turquia.
Corpos de vítimas ficaram espalhados pelo chão, em frente à principal estação de trem de Ancara, capital da Turquia. AFP/AFP
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Fernanda Castelhani, correspondente da RFI em Istambul
A marcha reunia centenas de pessoas que, de mãos dadas, gritavam palavras de paz e faziam passos de uma dança típica turca – quando duas fortes explosões dispersaram o grupo. As bombas foram detonadas no centro da cidade, nas duas saídas da principal estação de trem. O local era o ponto de partida para a passeata.

Entre os participantes estavam sindicatos e associações de classe que pedem o fim dos conflitos com o PKK, organização curda considerada terrorista pelo governo de Ancara. Também entre os integrantes da manifestação estava o “Partido Democrático do Povo”.

A legenda apoia os curdos e, pela primeira vez, conquistou mais de 10% dos votos nas eleições legislativas de junho. Por ter perdido a maioria no Parlamento, o partido governista “Justiça e Desenvolvimento” recusou-se a formar uma coalizão e convocou nova votação - marcada para daqui a três semanas.

Aumento da tensão

A decisão provocou o fim do cessar-fogo entre as forças de segurança e o PKK. Neste sábado, o presidente Tayyip Erdoğan, declarou que a unidade nacional foi ferida, e lembrou que outros ataques que também vitimaram soldados, policiais e cidadãos inocentes, recentemente.

Ao mesmo tempo, a oposição relembra atentados que, na última eleição, mataram mais de 30 pessoas em cidades do sudeste do país. As mortes ocorreram em eventos semelhantes ao de hoje: em passeatas organizadas pelo mesmo partido de apoio aos curdos.

Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria do ataque. Após reunião de emergência com o primeiro-ministro e o serviço de inteligência, o ministro do Interior, Selami Altınok, afirmou que recebeu informações preliminares sobre a organização que estaria por trás das explosões, mas que não poderia divulgar os dados para não prejudicar a investigação. Foram decretados três dias de luto oficial para homenagear as vítimas.

Já o líder do partido pró-curdo, Selahattin Dermitaş, declarou que se tratou de “um ataque do Estado ao seu povo”, e fez um apelo para que líderes mundiais não enviassem condolências ao governo. O Conselho Europeu expressou condolências ao povo turco e lembrou que liberdade de reunião e de expressão são pilares fundamentais da democracia.
 

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