Editores do Le Monde pedem demissão em protesto contra direção

Sete editores ou subeditores do jornal francês Le Monde pediram demissão de seus cargos nesta terça-feira (6). A decisão é uma forma de protesto contra a nova direção do vespertino, que está em pleno conflito com os jornalistas sobre a reorganização da redação. O mais famoso veículo impresso do país pertence desde 2010 aos empresários Xavier Niel, Matthieu Pigasse e Pierre Bergé.

A direção do vespertino Le Monde quer trasferir parte de seus jornalistas para a redação de sua versão online. www.lemonde.fr

Após meses de discussões sem chegar a um consenso sobre a nova organização da redação, um grupo de editores e subeditores do jornal francês Le Monde pediu demissão de seus cargos nesta segunda-feira. Os jornalistas afirmam que não confiam na hierarquia da empresa. “Nós enviamos várias mensagens de alerta para assinalar problemas importantes, além da falta de confiança e de comunicação com a direção, que nos impedem de cumprir nossos papéis de editores”, informaram os funcionários em uma carta destinada aos diretores do jornal Natalie Nougayrède e Louis Dreyfus.

Um dos motivos do protesto seria a transferência de cerca de 50 jornalistas da redação impressa para outros serviços do jornal, principalmente para sua versão online. Os sindicatos temem que essa reforma esconda uma tentativa de um plano de demissões em massa.

Os sete editores e subeditores não abandonam a empresa, mas colocam seus cargos à disposição. Eles também se dizem dispostos a colaborar com os projetos em andamento até a nomeação de uma nova equipe. “Nós tentamos, sem sucesso, apresentar soluções”, explicam os jornalistas François Bougon, Vincent Fagot, Julien Laroche-Joubert, Damien Leloup, Cécile Prieur, Françoise Tovo e Nabil Wakim.

O jornal Le Monde, que celebra 70 anos de existência, atravessava há anos uma séria crise econômica, até ser vendido em 2010. Desde então, o vespertino pertence aos empresários Xavier Niel, dono do provedor de acesso à internet e de telefonia móvel Free, Matthieu Pigasse, que já é proprietário do Huffington Post e da revista Les Inrockuptibles, e Pierre Bergé, ex-presidente da marca Yves Saint Laurent e ex-companheiro do estilista.