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Xi Jinping chega à França para negociações diplomáticas em contexto de tensões com a União Europeia

O presidente chinês, Xi Jinping, chegou neste domigo (5) à França para uma visita de Estado de dois dias dedicada às comemorações dos 60 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Paris e Pequim e negociações sobre temas de atrito entre os dois países. O presidente Emmanuel Macron quer incitar a China a adotar uma política de maior reciprocidade comercial e tentará convencer Xi Jinping a pressionar a Rússia para encerrar a guerra na Ucrânia.

O presidente chinês, Xi Jinping, e sua esposa, Peng Liyuan, desembarcaram neste domingo no aeroporto de Orly, em Paris.
O presidente chinês, Xi Jinping, e sua esposa, Peng Liyuan, desembarcaram neste domingo no aeroporto de Orly, em Paris. via REUTERS - Michel Euler
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Esta é a terceira visita de Estado do líder chinês à França desde que  assumiu o poder em março de 2013 e o momento mais complexo das relações bilaterais, segundo fontes diplomáticas. Os dois principais objetivos de Macron parecem difíceis de alcançar, num contexto de agravamento das tensões comerciais entre a União Europeia e a China.

Xi Jinping viaja acompanhado de sua esposa, Peng Liyuan. No desembarque, em Paris, o casal foi recebido pelo primeiro-ministro Gabriel Attal. As cerimônias e reuniões previstas entre Xi e Macron acontecem na segunda (6) e terça-feiras (7), na capital e, depois, na região dos Pirineus (sul). Neste giro europeu, o presidente chinês ainda vai à Sérvia e à Hungria, países que se mantêm próximos de Moscou no conflito ucraniano.

Na segunda-feira, o casal chinês será recebido no final da manhã por Macron e pela primeira-dama francesa, Brigitte, no Palácio do Eliseu, onde está prevista uma reunião trilateral com a participação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. 

A França pressionou a União Europeia a abrir uma investigação sobre os subsídios concedidos pela China aos seus fabricantes de carros elétricos. Os veículos chineses chegam à Europa com preços muito mais competitivos que os produzidos pelas montadoras do bloco. O governo chinês ficou irritado com a atitude de Paris e reagiu, em janeiro, abrindo a sua própria investigação sobre importações de conhaque, um produto francês. 

A Alemanha discordou da abertura da investigação contra Pequim, com medo de perder espaço no mercado chinês para suas exportações industriais. O chanceler alemão, Olaf Scholz, não participará das discussões em Paris devido a outros compromissos, segundo fontes. Mas o Palácio do Eliseu afirma que Macron conversou com Scholz por telefone sobre a abordagem que pretende adotar nas conversas com Xi Jinping. Analistas destacam que fica difícil exercer influência sobre o poderoso presidente chinês, quando ele vê os europeus divididos

Apoio de Xi a Putin incomoda os europeus

A França também está tentando convencer a China a pressionar a Rússia para pôr fim à sua agressão na Ucrânia, sem resultados tangíveis. Desde o início do conflito, Xi Jinping e o presidente russo, Vladimir Putin, reforçaram acordos de cooperação militar e comercial sem dar ouvidos aos apelos e preocupações da União Europeia.

Antes de chegar a Paris, o líder chinês detalhou a sua visão sobre as relações com a França. "Há 60 anos, as relações entre a China e a França estão na vanguarda dos laços entre a China e os principais países ocidentais, proporcionando à comunidade internacional um bom exemplo de coexistência pacífica e de cooperação vantajosa para ambos, apesar de serem países com sistemas diferentes", disse Xi Jinping em um discurso escrito transmitido pela a agência de notícias Nova China.

O presidente chinês garante que pretende “consolidar a amizade tradicional, fortalecer a confiança mútua, elaborar um consenso estratégico e aprofundar as parcerias e a cooperação com a França". 

“Se os chineses querem aprofundar as relações com os parceiros europeus, é muito importante que eles escutem nosso ponto de vista e que comecem a nos levar a sério", disse uma fonte diplomática francesa.  

Na terça-feira, Macron e o líder chinês visitarão os Pireneus (sul), região onde nasceu a avó materna do líder francês. É nesta etapa da visita que acontecerão conversas mais informais, longe de assessores e câmeras, e Macron tentará conquistar a adesão de Xi Jinping para suas proposições. Analistas observam que Macron gosta de dar esta cartada pessoal, utilizar seu charme para influenciar os líderes estrangeiros que recebe. Poucos acreditam, no entanto, que levar Xi Jinping para um local que marcou a infância do francês fará o poderoso presidente da China aceitar qualquer tipo de concessão. 

Com AFP

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