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França/Imprensa

Jornalistas do "Libération" lutam para diário francês não virar rede social

A grave crise financeira do Libération levou os acionistas a propor a suspensão do jornal impresso, que se transformaria em uma rede social. Depois de uma assembleia neste domingo, que reuniu cerca de 200 assalariados, a ideia de uma greve foi substituída por uma decisão: a luta vai continuar através da escrita.

Capa da edição de sábado, 8 de fevereiro de 2014, em que os jornalistas defendem a existência do jornal.
Capa da edição de sábado, 8 de fevereiro de 2014, em que os jornalistas defendem a existência do jornal. Libération
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Ao fundar o jornal de esquerda em 1973, o filósofo Jean-Paul Sarte não poderia imaginar que, em 2014, os acionistas apresentariam um projeto suspendendo a impressão em papel do diário em favor da criação de uma rede social com diversos suportes multimídias pagos. A sede histórica se transformaria num espaço cultural.

A decisão pegou os funcionários de surpresa. Eles estavam negociando há meses com a direção um plano de economias, sem nenhuma relação com o projeto apresentado.

Por unanimidade, 200 dos 258 empregados decidiram replicar por escrito aos acionistas, os empresários Bruno Ledoux e Édouard de Rothschild, e o grupo italiano Ersel. Depois de uma greve na quinta-feira passada (6), que impediu a distribuição do Libération no dia seguinte, os jornalistas imprimiram o jornal no sábado (8), com uma primeira página de protesto: "Nós somos um jornal, não um restaurante, não uma rede social, não um espaço cultural, não um programa de tv, não um bar.. "

Conflito

O acionista Bruno Ledoux afirma que sem este projeto o Libération, que é um mito na imprensa francesa, "vai morrer". Os jornalistas e assalariados respondem que o jornal deve ser o centro do projeto e não se transformar em uma rede social.

A sede da redação, no centro de Paris, é um dos principais desafios do plano dos acionistas. Os funcionários até pensaram em ocupar o local à força, mas desistiram da ideia. Eles suspeitam que Bruno Ledoux queira declarar a falência do jornal para recuperar o imóvel, que poderia ser vendido depois por vários milhões de euros.

Em 2013, Libération perdeu mais de um milhão de euros com a queda de 15% das vendas, a maior registrada entre os jornais franceses. Atualmente o diário vende em torno de 100 mil exemplares por dia.

 

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