Um em cada quatro presos consome maconha nas cadeias francesas, revela estudo
Álcool, maconha, mas também cocaína, heroína e drogas sintéticas. Um estudo publicado na imprensa nesta terça-feira (7) mostra que as prisões francesas estão longe de serem poupadas do consumo de drogas. É o que aponta a investigação feita pelo Observatório francês de drogas e tendências aditivas (OFDT), cujos resultados são detalhados na edição do Le Monde.
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Através de questionários, os pesquisadores entrevistaram 1.094 detentos. Desses, 73% consomem tabaco regularmente. O vício do cigarro é duas vezes e meia maior entre os presos do que na população francesa em geral.
Já 26% dos presos afirmaram consumir maconha dentro das cadeias, um número oito vezes maior do que o registrado na média da população, segundo os dados disponíveis. O consumo sobe para 35% entre os detentos com menos de 30 anos.
Mas como a droga chega às cadeias? Segundo o estudo, em pequenos pacotes projetados do exterior, por meio de drones ou a complacência da guarda. Das 18.187 apreensões de drogas feitas nas prisões francesas em 2022, 95% eram de cannabis. Apesar da proibição, 51% dos presos disseram que era "fácil" ou "muito fácil" ter acesso à droga nas cadeias da França.
Sobre as razões do consumo, 54% dos entrevistados disseram que faziam uso de maconha para se acalmar e 46% para dormir; 6% disseram usar a droga como divertimento. "Essa forma de consumo autoterapêutico revela a ligação entre o uso de drogas e o contexto carcerário, onde a vida cotidiana é particularmente difícil", destaca o pesquisador Melchior Simioni, citado pelo Le Monde.
Ainda de acordo com os resultados da pesquisa, a cocaína já foi utilizada pelo menos uma vez por 13% dos presos, contra 5,6% da população em geral.
Outras substâncias citadas pelo estudo são: crack (6,2%) ecstasy (5,4%) e heroína (5,1%).
Em abril, o número de prisioneiros na França bateu o recorde de 77.450 pessoas, 4.320 a mais do que no ano anterior.
Um detalhe apontado pelos pesquisadores é que apenas 4% dos entrevistados passaram a consumir drogas dentro das cadeias. O questionamento deve ser sobre como eles conseguem manter os hábitos, mesmo dentro do sistema carcerário.
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