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Vilarejo pré-histórico é descoberto na França após 150 anos de buscas

Vestígios de um assentamento permanente pré-histórico foram descobertos em um vasto sítio neolítico de Marais de Saint-Gond (Norte), que agora oferece aos pesquisadores e arqueólogos um quadro excepcionalmente completo de sua organização social. O achado aconteceu 150 anos após a descoberta dos primeiros itens pré-históricos nesta região francesa.

Remi Martineau, pesquisador do CNRS, na boca de um poço, datado do Neolítico Moderno, cerca de 3500 anos atrás, de um assentamento que sugere a presença de uma aldeia ocupada por uma população estruturada, em Val-des-Marais, no sul do Marne, em 23 de agosto de 2023.
Remi Martineau, pesquisador do CNRS, na boca de um poço, datado do Neolítico Moderno, cerca de 3500 anos atrás, de um assentamento que sugere a presença de uma aldeia ocupada por uma população estruturada, em Val-des-Marais, no sul do Marne, em 23 de agosto de 2023. AFP - FRANCOIS NASCIMBENI
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"É a última peça do quebra-cabeça que nos faltava", explica Rémi Martineau, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França, que localizou a aldeia com sua equipe.

Na região de Marais de Saint-Gond já foram identificadas 15 grandes pedreiras de sílex em uma área de 450 hectares, além de 135 "hipogeus" - construções subterrâneas de sepultamento coletivo.

Cinco passarelas megalíticas cobertas, dez locais para afiar machados e instrumentos cortantes e áreas cultivadas também foram localizados.

Descoberta inédita

Essa nova descoberta representa um "marco na nossa compreensão da organização econômica, social e territorial do Neolítico", de acordo com o arqueólogo, que acredita "não haver equivalente" a esse conjunto na Europa.

 A descoberta dessa aldeia do Neolítico tardio (3500-3000 a.C.) ocorreu no auge do verão francês, quando uma vala de paliçada foi identificada com precisão em Val-des-Marais, no sul do departamento de Marne, no norte da França, perto da região parisiense.

O recinto pré-histórico circundava um monte, cercando uma área estimada, por enquanto, em um hectare, de acordo com a avaliação arqueológica recentemente concluída em uma área que agora é principalmente agrícola, segundo especialistas.

No processo, foi descoberto um primeiro edifício com dois corredores, adjacente ao interior do recinto, uma grande fossa de lixo de 20 m de diâmetro, bem como diversos poços no exterior.

Essa população pré-histórica sedentária de agricultores e criadores se estabeleceu perto da água, acima de um lençol freático.

 "O local estava totalmente estruturado", explica Martineau. "As bases de nossa sociedade já estavam lá."

A campanha - que envolveu o CNRS, o laboratório conjunto Artehis, a Universidade de Bourgogne Franche-Comté e o Ministério da Cultura - mobilizou um total de cerca de 50 pessoas, incluindo pesquisadores de uma ampla gama de disciplinas na França e no exterior, bem como 20 "escavadores", a maioria deles estudantes de arqueologia.

"Ancestral do botão"

Em particular, eles desenterraram uma peça oval de madrepérola de mexilhão de água doce, uma verdadeira "peça de museu", de acordo com Martineau.

Pequena, ela tem dois furos no centro. Esse provável ancestral do botão, que tem entre 3.400 e 3.300 anos de idade, se encontrava em um "estado excepcional de preservação", e deu ao pesquisador a esperança de que o restante do local estaria "perfeitamente preservado", caso escavações mais completas fossem realizadas. A aposta do CNRS deu certo.

(Com AFP)

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