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Cemitério de quase 2 mil anos aparece durante obras na linha de trem de Paris

Cerca de 50 esqueletos e oferendas de uma necrópole do século II foram encontrados no centro de Paris. A descoberta aconteceu durante as obras de renovação da estação de trens Port Royal, no 14° distrito da capital francesa. O cemitério é um vestígio da ocupação galo-romana que ajudará a entender melhor como viviam e como lidavam com a morte os "parisii", povo gaulês que morava na região há mais de dois mil anos e deu origem ao nome atual da cidade.  

Arqueólogo do Inrap (Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas) trabalha para retirar esqueleto encontrado em cemitério do século II em Paris
Arqueólogo do Inrap (Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas) trabalha para retirar esqueleto encontrado em cemitério do século II em Paris AFP - THOMAS SAMSON
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Os esqueletos estavam enterrados a poucos quilômetros do Jardim de Luxemburgo, desde o século II e, por sorte, não foram destruídos ao longo das recorrentes obras que transformaram a capital. As peças arqueológicas sobreviveram inclusive à escavação para a criação da linha de trem RER B, nos anos 1970.

As fossas, que ocupam uma área de cerca de 200 m², foram encontradas agora, durante os trabalhos de escavação arqueológica preventiva para a construção de uma nova entrada da estação de trem.

Os achados não foram uma surpresa completa para os arqueólogos. "Havia uma forte suspeita porque estamos muito próximos da necrópole sul de Lutécia, nome dado a Paris no período galo-romano", explicou a chefe de pesquisa arqueológica do Inrap (Instituto Nacional de Pesquisa Arqueológica Preventiva), Camille Colonna.

Reencontro com o passado

A necrópole explorada é conhecida como Saint-Jacques e acredita-se que fosse a maior da cidade galo-romana. Antes da descoberta dos novos esqueletos, ela já era conhecida dos arqueólogos por ter sido parcialmente explorada no século XIX. 

Na época, segundo os especialistas do Inrap, os arqueólogos só estavam interessados em objetos preciosos e tinham poucos dados para entender o contexto da necrópole. 

Por sorte, uma parte do cemitério, nunca antes explorada, foi preservada. "Ninguém via isso desde a antiguidade", conta o presidente do Inrap, Dominique Garcia, entusiasmado.

As escavações começaram em março e encontraram peças, oferendas e ossos de cerca de cinquenta enterros. Entre eles, um esqueleto com uma moeda na boca.

Os mortos foram colocados em caixões de madeira, dos quais apenas os pregos ficaram até os nossos dias. Os esqueletos encontrados são de homens, mulheres e crianças, todos deitados com o rosto para cima.

Em pouco mais da metade das fossas havia peças de cerâmica ou de vidro: jarras, copos, vasos e outros objetos domésticos. Também foram encontrados itens de indumentária, como sapatos, joias, grampos de cabelo e cintos. 

"Isto nos permitirá compreender a vida dos Parisii através de seus ritos funerários, assim como a saúde do povo pelo estudo de seu DNA", conclui Collona.

 

 

(Com AFP)

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