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Imprensa francesa duvida de abertura do governo para negociar reforma da Previdência com sindicatos

Os jornais franceses desta quinta-feira (30) abordam a expectativa para o encontro entre a primeira-ministra Elisabeth Borne e as centrais sindicais, na próxima semana, após três meses de mobilização contra a reforma da Previdência no país. Para a imprensa, com a iniciativa de convidar para o diálogo, o governo quer se desfazer da fama de inflexível. 

A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne (à esquerda), discute com sindicalista da CGT durante campanha eleitoral para as eleições legislativas francesas, em 9 de junho de 2022.
A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne (à esquerda), discute com sindicalista da CGT durante campanha eleitoral para as eleições legislativas francesas, em 9 de junho de 2022. AFP - DAMIEN MEYER
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"Aposta arriscada de Elisabeth Borne com os sindicatos" é o título de uma matéria do jornal Les Echos. "Convidando-os para ir à sede do governo, a primeira-ministra quer acabar com a imagem de um governo que sempre diz 'não'", afirma o diário.

Les Echos destaca que, desde que a mobilização contra a reforma da Previdência teve início na França, em janeiro, os líderes sindicais não foram recebidos pelo governo e o diálogo foi rompido. Para o jornal, o Executivo ficou sem saída depois de semanas de rejeição: o presidente Emmanuel Macron recusou um pedido de encontro feito pelos sindicatos por uma carta enviada ao presidente, no começo de março, e negou uma pausa na tramitação do projeto de modificar o sistema de aposentadorias para a realização de uma mesa redonda entre as partes e a uma mediação. 

Segundo uma pesquisa de opinião do instituto Elabe divulgada na quarta-feira (29), sete a cada dez franceses acreditam que o governo deve paralisar a reforma da Previdência para negociar com as organizações sindicais e políticas. Para 62% dos entrevistados, a responsabilidade do conflito social na França é do presidente Emmanuel Macron.

Divergências entre centrais sindicais

"Aposentadorias: Borne procura uma brecha entre os sindicatos" é o título de uma matéria do jornal Le Figaro. O diário é cético quanto à possibilidade do governo dialogar e acredita que a chefe do governo tentará incitar as tradicionais desavenças entre as duas maiores centrais, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT). 

Para Le Figaro, também há dúvidas se a premiê aceitará conversar sobre a reforma da Previdência, já que o governo tenta virar a página desta crise a todo o custo. No último domingo (26), Borne divulgou uma lista de assuntos que pretende discutir, como a qualidade de vida no trabalho, capacitações e o desemprego dos trabalhadores mais velhos. Paralelamente, pesos pesados do Executivo já começam a disseminar o discurso de que não haverá marcha à ré na passagem da idade da aposentadoria dos 62 para os 64 anos, destaca o jornal.

O diário Libération salienta declarações do secretário-geral da CFDT, Laurent Berger. Segundo ele, o encontro só ocorrerá se Borne aceitar conversar sobre a reforma da Previdência. O líder sindical promete que, diante de uma recusa da premiê a abordar o aumento da idade da aposentadoria, "nos levantaremos e iremos embora". 

"Permanecer unidos é o desafio das centrais sindicais", afirma o jornal Le Parisien. Enquanto as organizações lideradas pela CFDT estão dispostas a negociar, a CGT, reformista, segue firme na ideia de que não haverá diálogo enquanto o governo não revogar completamente a reforma da Previdência.

No entanto, lideranças desta central, conhecida na França por sua linha dura, garantem que comparecerão ao encontro na próxima semana, "mesmo que haja fortes chances de que sairmos do encontro dizendo que a luta vai continuar", garantiu uma fonte da CGT ao Le Parisien

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