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Isolado, governo francês busca saída para crise causada pela reforma da Previdência

A imprensa francesa faz um balanço nesta quarta-feira (29) do décimo dia de mobilização contra a reforma da Previdência. Os jornais constatam que o número de manifestantes nas ruas diminuiu ontem, em relação às semanas anteriores, mas o governo ainda busca uma porta de saída para a crise social.

Manifestantes contra a reforma da Previdência sobem em monumento na praça da Nação, em Paris. 28 de março de 2023
Manifestantes contra a reforma da Previdência sobem em monumento na praça da Nação, em Paris. 28 de março de 2023 AP - Thibault Camus
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Em seu editorial, Le Figaro manifesta dúvidas se a queda no número de participantes nos protestos desta terça-feira – 740.000 pessoas, segundo a polícia, contra 836.000 no dia 23 de março e 1,036 milhão em 7 de março – significa um esgotamento do movimento. Para o jornal de linha editorial conservadora, a violência que marcou as últimas manifestações pode ter afastado as famílias das ruas, o que seria uma explicação para essa queda. De qualquer forma, a hostilidade a essa reforma revelou um mal-estar profundo na sociedade francesa, diz o editorialista de Le Figaro, e o governo ainda não encontrou uma solução para a crise que se cristalizou contra o presidente Emmanuel Macron. 

Conforme o Parisien, o governo aventa várias hipóteses de saída. Nos bastidores, alguns aliados defendem uma conferência social para abordar questões como insalubridade, compartilhamento dos ganhos das empresas com o aumento da produtividade e o trabalho de sêniores. Outros acreditam que a substituição da primeira-ministra Élisabeth Borne é inevitável e deve vir acompanhada de uma reforma ministerial. 

Jovens mais sensíveis ao jogo democrático

O Libération, jornal de linha editorial progressista, publica uma entrevista com o sociólogo Alessio Motta sobre a forte adesão dos estudantes à mobilização. Motta não acredita que o engajamento dos jovens vá representar uma guinada maior no movimento contra a elevação da idade de aposentadoria para 64 anos. Uma parte dos estudantes que se viu nas ruas já participava de protestos sociais e o fato de serem agora mais numerosos não deve mudar a relação de forças com o poder. O que mudou foi a radicalização de um certo número de estudantes que passou a defender a violência

Para o sociólogo, o que é novo na crise atual é que raríssimas vezes se viu na França 70% da população contra uma reforma e um governo que resiste à unanimidade da opinião pública. O que está em jogo é o aspecto democrático desse posicionamento, algo que sensibiliza os jovens, conclui Alessio Motta.

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