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Catalunha

Espanhóis se vestem de branco para pedir diálogo na Catalunha

A preocupação que tomou a Espanha desde o referendo de autodeterminação da Catalunha foi manifestada nas ruas neste sábado (7), com protestos que pediam a unidade da Espanha ou o diálogo entre os governos central e regional.

No auge da crise: o branco da paz domina Barcelona.
No auge da crise: o branco da paz domina Barcelona. REUTERS/Eric Gaillard
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Convocados pela iniciativa cidadã Parlem? Hablemos? (Conversemos?, em catalão e castelhano), os espanhóis começaram a se reunir em frente a várias prefeituras para incitar os catalães e o resto da Espanha ao diálogo.

As tensões entre Madri e os separatistas no poder na Catalunha desde o início de 2016 mergulharam o país em uma crise política sem precedentes desde o retorno à democracia em 1977.

A crise, que também preocupa a Europa, afeta igualmente a Catalunha, onde vivem 16% dos espanhóis, porque, de acordo com as pesquisas, metade da população não deseja a independência.

"A Espanha é muito melhor do que seus líderes", diz o manifesto da iniciativa cidadã, difundido pelo site Change.org, e que já reunia cerca de 9 mil assinaturas na manhã deste sábado.

Na capital

Em Madri, milhares de espanhóis vestidos de branco, favoráveis ao diálogo, fizeram passeatas pelo centro neste sábado.

"É hora de nos unir para mostrar a eles (aos líderes) que eles são incapazes e irresponsáveis", diz a declaração.

Paralelamente, uma marcha "patriótica" reuniu no centro da capital espanhola os partidários da unidade do país, agitando bandeiras nacionais.

Os “patriotas” foram convocados a participar ainda de uma grande manifestação no domingo (8) em Barcelona.

'Ganhar tempo'

Apesar da tensão, alguns gestos tímidos de apaziguamento surgiram. Na sexta-feira, o delegado do governo espanhol na Catalunha, Enric Millo, pediu, pela primeira vez, desculpas pela violência das forças de segurança durante o referendo no domingo, quando 92 pessoas ficaram feridas.

Já o presidente catalão, Carles Puigdemont, anunciou o adiamento de sua intervenção perante o Parlamento da Catalunha, previsto inicialmente para segunda-feira (9).

Os separatistas consideravam a possibilidade de declarar de forma unilateral a independência na sessão parlamentar de segunda. Mas na agenda da nova reunião, prevista para terça-feira às 18h00 (13h00 de Brasília), consta simplesmente o debate sobre a "situação política".

Os parlamentares que se opõem à independência, no entanto, desconfiam das verdadeiras intenções de Puigdemont, que anunciou na sexta-feira os resultados finais do referendo, não verificáveis por falta de uma comissão eleitoral: 90,18% de "sim" à independência, com uma taxa de participação de 43%.

Uma Catalunha fora da Europa

O adiamento do anúncio poderia servir para "ganhar tempo", observou neste sábado o jornal catalão La Vanguardia. Os líderes catalães precisam, de fato, pensar "o que pretendem fazer" dessa declaração de independência unilateral.

Uma "República catalã" seria automaticamente excluída da União Europeia e se encontraria em uma situação de isolamento quase completo.

Por isso os apelos a uma mediação internacional para a crise lançados por Puigdemont e Jordi Cuixart, presidente da associação separatista Omnium.

"Estamos convencidos de que, sem o reconhecimento internacional, o que estamos fazendo vai se arrastar por muito tempo", reconheceu Cuixart em uma rádio catalã.

Independência não interessa aos grandes grupos econômicos

Além disso, as tensões e a perspectiva de uma Catalunha independente assustam os círculos econômicos.

Várias empresas, incluindo os bancos CaixaBank e Banco de Sabadell, já decidiram transferir suas matrizes para fora da Catalunha.

O secretário para as Empresas do governo catalão, Santi Vila, pediu um "cessar-fogo".

"Isso significa que nas próximas horas e dias não tomaremos decisões que possam ser irreparáveis", disse ele.

Seleção Espanhola dividida

A situação também chegou os campos de futebol. A Espanha se classificou na sexta-feira contra a Albânia para a Copa do Mundo de 2018.

Mas o catalão Gerard Piqué, que se posicionou a favor do direito de voto no referendo, disputou a partida sob as vaias de uma parte dos espectadores de Alicante (sudeste) e as palmas de outros.

(Com agência AFP)

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