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Braço político do separatista ETA pode vencer eleições regionais no País Basco espanhol

Neste domingo (21), cerca de dois milhões de bascos foram convocados às urnas para renovar o Parlamento regional. Este não é um pleito comum, pois, pela primeira vez, o EH Bildu, herdeiro do braço político da extinta organização terrorista ETA (que assassinou cerca de 850 pessoas ao longo de quatro décadas e se dissolveu em 2018), é amplamente favorito e poderia prevalecer sobre os nacionalistas conservadores moderados do PNV, que estão no comando da região há 45 anos.

Criança ajuda mulher a colocar voto na urna em Portugalete, na Espanha, em 21/04/24.
Criança ajuda mulher a colocar voto na urna em Portugalete, na Espanha, em 21/04/24. REUTERS - Vincent West
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Ele se chama Pello Otxandiano, tem apenas 41 anos e, com seus óculos, tem uma aparência séria. O seu discurso é muito afável e ele fala relativamente pouco sobre a identidade basca, relata o enviado especial da RFI, François Musseau, na cidade de San Sebastián. Otxandiano lidera as intenções de voto e é o líder do Bildu, uma coalizão separatista de esquerda cujo núcleo é o herdeiro direto do Herri Batasuna, o antigo braço político da ETA.

O clima é tranquilo, como destaca Alberto Surio, analista do jornal El Diario Vasco: "Esta campanha eleitoral demonstrou que estamos mais perto de Copenhague do que muitas vezes de Madri. O tom em Madri é muito áspero na cena política e, aqui, ao contrário, a campanha revelou um grande nível de maturidade democrática e seriedade."

Campanha tranquila

Uma campanha bastante tranquila, portanto. Uma coisa realmente surpreendente quando se pensa que, no passado recente, as eleições eram sistematicamente marcadas por ataques, assassinatos e ameaças de morte da ETA. "A sociedade basca mudou profundamente em vinte anos”, analisa Surio. “Há uma mudança geracional notória e a sociedade basca virou a página de seu passado". No entanto, para muitos, as feridas do passado ainda não cicatrizaram completamente.

EH Bildu poderia, portanto, se impor, sem necessariamente governar, já que o Partido Socialista Basco deverá se aliar ao Partido Nacionalista Basco para liderar a região e assim preservar os equilíbrios políticos, como detalha Maria Elisa Alonso, cientista política, professora e pesquisadora na Universidade de Lorraine, na França.

Conservadores devem continuar no poder

"Eu acho que não devemos misturar política nacional e política regional", explica ela a Romain Lemaresquier, do serviço internacional daRFI. "Ao nível nacional, (o partido socialista basco) precisa do apoio do PNV e do Bildu. Mas, regionalmente, ele sempre esteve ao lado do PNV. Não há margem para fazer uma coalizão para o governo regional com Bildu. O líder do partido socialista (basco) já disse desde o início que nunca consideraria um governo com Bildu e que, além disso, as coalizões ou acordos feitos no País Basco são decididos no País Basco e não em Madri. Portanto, há realmente dois jogos completamente diferentes."

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