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Europa

Catalunha cada vez mais perto da independência ou da perda da autonomia

Quando a Catalunha vai declarar a independência? O que vai acontecer depois? Até agora ninguém responde a essas perguntas de forma concreta.

Manifestação pela independência da Catalunha, em Barcelona, na última segunda-feira (2).
Manifestação pela independência da Catalunha, em Barcelona, na última segunda-feira (2). REUTERS/Enrique Calvo
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Fina Iñiguez, correspondente da RFI em Barcelona

O presidente catalão, Carles Puigdemont, disse nesta quarta-feira (4) que vai declarar a independência da Catalunha no final de semana ou no início da próxima. Especula-se que talvez isso aconteça no domingo (8) para que mais pessoas possam ir às ruas apoiar o governo. Outra possível data é a próxima sexta-feira (6), porque coincide com o aniversário da última declaração da independência da Catalunha, em 1934, pelo republicano Lluis Companys.

Por outro lado, especula-se também que o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, vai aplicar o artigo da Constituição que suspenderia a autonomia da Catalunha antes da declaração de independência e a região passaria a ser administrada pelo governo central. Neste caso, possivelmente os dirigentes catalães seriam cassados e seriam convocadas eleições regionais.

As consequências de qualquer das alternativas sao imprevisíveis. O conflito catalão tem um forte componente emocional e às respostas aos estímulos dos governantes vão marcando o ritmo dos acontecimentos nas ruas. Cada ação de um lado, potencializa a reação do outro.

O nacionalismo catalão resurgiu com força nos últimos anos, devido em boa medida à crise econômica, e converteu em separatistas muitos catalães que aceitavam o encaixe da Catalunha dentro da Espanha. O independentismo catalão, por sua vez, fez resurgir com força o nacionalismo espanhol e, neste momento, as bandeiras de um e outro lado são usadas como armas para defender uma identidade contra a outra, provocando uma fratura cada vez maior na sociedade.

Temperatura continua subindo na Catalunha

O diálogo que a comunidade internacional pede aos governos catalães e espanhol neste momento parece improvável. E enquanto os políticos não sentam e discutem para chegar a acordos que reconduzam a situação, a temperatura nas ruas continua subindo.

A greve geral na Catalunha contra a violência policial da terça-feira (3) contou com a participação de 700 mil pessoas e o final da jornada coincidiu com uma mensagem contundente do rei Felipe VI contra o governo catalão. A mensagem, aplaudida pelos partidos contrários à independência - o partido Partido Popular do governo, o de centro-direita Ciudadanos -, provocou um mal-estar nos partidos de esquerda e nacionalistas e uma aprovação dos socialistas que, no entanto, sentiram falta no discurso de um apelo ao diálogo.

O chefe do Estado espanhol acusou o governo de Puigdemont de “irresponsável” e de ter cometido uma “deslealdade inadmissível” ao tentar “quebrar a unidade da Espanha e a soberania nacional”. O rei afirmou que “perante a situação de extrema gravidade, seu compromisso é com a unidade da Espanha, a defesa da Constituição e o respeito à lei”.

O discurso do rei foi interpretado como um alinhamento sem fissuras com o governo de Mariano Rajoy e as medidas tomadas para frear o independentismo na Catalunha. Felipe VI se dirigiu diretamente aos catalães que estão contra a independência para tranquilizá-los dizendo que podiam contar com “todo o apoio e solidaridade do resto dos espanhóis”. Terminou chamando “ao entendimento e à concórdia”, mas não se referiu em nenhum momento à ação policial do dia do referendo, nem aos feridos, nem aos catalães que há dias estão nas ruas se manifestando.

Análises críticas e antimonárquicas interpretam que o rei perdeu a oportunidade de ser parte da solução, pois com suas palavras só conseguiu colocar mais lenha na fogueira.

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