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Seis meses após início da guerra na Faixa de Gaza, israelenses convivem com incertezas

A guerra devastadora na Faixa de Gaza entra no sétimo mês neste domingo (7). Negociadores dos Estados Unidos, Egito, Catar, Israel e Hamas se reúnem no Cairo para mais uma tentativa de chegar a um acordo de trégua associado à libertação de reféns. O exército israelense afirmou hoje ter retirado a maior parte de suas tropas terrestres do sul de Gaza.

Vista de prédios destruídos na Faixa de Gaza, seis meses após o início da guerra de Israel contra o Hamas.
Vista de prédios destruídos na Faixa de Gaza, seis meses após o início da guerra de Israel contra o Hamas. AP - Leo Correa
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Henry Galsky, correspondente da RFI em Tel Aviv

Após meses de combates, Israel retirou as suas tropas do sul da Faixa de Gaza, especialmente da cidade de Khan Yunis.

"Hoje, domingo, 7 de abril, a 98ª Divisão de Comando do exército israelense completou a sua missão em Khan Yunis. A divisão deixou a Faixa de Gaza para (...) se preparar para operações futuras", declarou o exército num comunicado. Os militares especificaram que uma “força significativa” continuaria a operar no pequeno território palestino, de acordo com as suas necessidades estratégicas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cada vez mais contestado nas ruas, disse aos membros do Gabinete de Guerra que o país está a "um passo da vitória". "Mas o preço a pagar é doloroso", acrescentou. Ele também reafirmou que não haverá cessar-fogo sem o retorno dos reféns. "Isso não acontecerá", insistiu, apesar das pressões que a delegação israelense vai enfrentar no Cairo. 

Se nos dias seguintes ao 7 de outubro, uma série de lideranças mundiais manifestou choque e solidariedade a Israel, seis meses depois do ataque do Hamas o cenário é completamente diferente. O contra-ataque israelense já provocou a morte de mais de 33 mil palestinos, de acordo com as informações do Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, e a pressão é cada vez maior para que Israel interrompa a ofensiva em Gaza.

Protestos

Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas no sábado (6), em várias cidades de Israel, contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Em Tel Aviv, a manifestação reuniu 100 mil pessoas, segundo os organizadores, e começou na "Praça da Democracia", uma interseção rebatizada assim após os protestos em massa contra uma reforma judicial de Netanyahu que abalou o país em 2023.

Os manifestantes seguravam caricaturas de "Bibi", como é conhecido o premiê, e entoavam slogans hostis ao líder do partido de direita Likud, envolvido em vários processos judiciais, principalmente por corrupção. Também pediram sua renúncia imediata e exigiram "eleições, já". Outro protesto exigiu uma solução negociada para libertar os 129 reféns ainda retidos em Gaza, dos quais 34 teriam morrido, segundo o exército de Israel.

Na madrugada deste domingo, a força aérea israelense bombardeou áreas no leste do Líbano, onde o Hezbollah está fortemente estabelecido. Não há relato de vítimas. Esse grupo paramilitar islâmico de orientação xiita, que recebe armas e financiamento do Irã, manifesta apoio ao Hamas na guerra contra Israel. 

Internamente, há uma descrença nas instituições e o temor de um enfrentamento com o Irã. No início da semana, um ataque aéreo israelense destruiu o consulado iraniano em Damasco, na Síria, matando mais de dez pessoas, entre elas sete membros dos Guardiões da Revolução Islâmica. A operação sem precedentes aumentou as tensões no Oriente Médio. O governo iraniano qualificou o bombardeio como um "crime covarde" que "não ficará sem resposta".

Israelenses almejam mudanças

Pesquisa do Instituto de Democracia de Israel (IDI) mostra que apenas 15% dos israelenses confiam nos partidos políticos. E 23%, no governo. O exército é a instituição mais confiável para 86,5% dos entrevistados, apesar de alguns erros cometidos no conflito atual.  

Há quatro principais pautas que demonstram a revolta da população e o pedido de mudanças na sociedade: retorno dos reféns sequestrados pelo Hamas, o fim do governo Netanyahu, o estabelecimento de uma data para novas eleições, e que os judeus ultraortodoxos sejam recrutados pelo exército. 

Em meio a tantas dúvidas e incertezas, há apenas uma garantia: depois desta guerra, Israel nunca mais será o mesmo país de antes.

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