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Biodiversidade: ONU alerta para deterioração da situação de animais migratórios no mundo

A situação das espécies migratórias, tanto pássaros, quanto répteis e peixes, essenciais ao equilíbrio da natureza está se deteriorando, alerta um novo relatório publicado segunda-feira (12), mesmo dia em que começa, no Uzbequistão, a conferência da ONU sobre a biodiversidade.

Tartaruga marinha, uma das espécies migratórias ameaçadas, segundo o relatório da ONU publicado nesta segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024.
Tartaruga marinha, uma das espécies migratórias ameaçadas, segundo o relatório da ONU publicado nesta segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024. Wikipédia
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“As espécies migratórias estão sendo duramente atingidas”, lamenta a chefe do Meio Ambiente da ONU, Inger Andersen.

Entre as espécies listadas pela Convenção de Bonn de 1979 sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Selvagens – que publica o relatório – uma em cada cinco está ameaçada de extinção e 44% estão diminuindo.

Quase todas (97%) das 58 espécies de peixes listadas estão ameaçadas de extinção, como alguns tubarões.

“O próprio fenômeno da migração está em perigo, porque existem barreiras e os habitats de que estes animais necessitam podem estar sob pressão”, disse Amy Fraenkel, secretária executiva da Convenção, à AFP.

Países de todo o mundo que são signatários da convenção – mais de 130 nações, mas não os Estados Unidos e a China – vão reunir-se para uma conferência (COP14) na cidade histórica de Samarcanda, no Uzbequistão, de 12 a 17 de fevereiro.

Os participantes vão analisar o destino das espécies migratórias, que incluem animais emblemáticos da vida na Terra, como tartarugas marinhas, baleias e tubarões, elefantes e espécies de gatos selvagens, e muitas aves.

As migrações destes animais podem ser orientadas por diversos fatores, como busca de condições climáticas favoráveis, acesso à alimentação ou um ambiente ideal para o nascimento dos filhotes.

Ameaças

As ameaças a estes animais estão diretamente ligadas à atividade humana, como a perda, degradação ou fragmentação de habitats, principalmente devido à agricultura intensiva ou à exploração pela caça e pesca e às alterações climáticas.

Os animais também estão sujeitos a pressões adicionais, como a poluição (pesticidas, plásticos, etc.) ruídos, ou luzes subaquáticas que os perturbam.

“Este relatório mostra que as atividades humanas não sustentáveis ​​colocam em perigo o futuro das espécies migratórias”, sublinha Inger Andersen.

“Criaturas que não só atuam como indicadores de mudanças ambientais, mas também desempenham um papel na manutenção das funções dos ecossistemas complexos do nosso planeta e na garantia de sua resiliência”, enfatiza.

Na verdade, estas espécies prestam numerosos serviços, como a polinização, a transferência de nutrientes de um ambiente para outro ou a eliminação de pragas.

Os morcegos, por exemplo, desempenham um papel importante na polinização das flores e na dispersão de sementes, permitindo a propagação de mangueiras ou mamoeiros em alguns países.

O relatório não só formula esta observação sombria, mas também faz um apelo à cooperação internacional para ajudar os animais que, por natureza, não conhecem fronteiras e podem por vezes viajar milhares de quilômetros. Como a borboleta-monarca, que pode voar 4.000 km dentro da América do Norte.

As pistas, que deverão alimentar a conferência de Samarcanda, também fazem eco ao acordo Kunming-Montreal sobre biodiversidade, estabelecido em 2022, que prevê preservar 30% das terras e mares do planeta até 2030. Os autores pedem a “identificação, proteção, conexão e gerenciamento de locais importantes para espécies migratórias”.

Outras prioridades são lutar contra as capturas ilegais ou insustentáveis, cuidar urgentemente das espécies mais ameaçadas de extinção ou intensificar os esforços para combater as diversas poluições (luz, ruído, plástico, produtos químicos, etc.) e as mudanças climáticas.

O relatório sugere ainda a expansão da lista de espécies listadas pela Convenção para chamar a atenção para outros animais ameaçados.

Cerca de 400 espécies ameaçadas ou quase ameaçadas ainda não aparecem nas listas da Convenção, como o bisão americano e europeu ou o golfinho do Indo.

(Com informações da AFP)

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