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Reserva angolana recebe de volta girafas nativas após mais de um século de ausência

Um total de 14 girafas foram inicialmente transportadas de volta ao Parque Nacional do Iona, no sul de Angola, no início de julho, com a intenção de repovoar a região, que viu a espécie nativa desaparecer devido à ocupação colonial e as guerras, que afastaram os animais. Após cerca de dois mês de adaptação e a perda de três animais, mesmo assim o fato é motivo de celebração entre a população e os pesquisadores, já que a reserva voltou a ter girafas após mais de 100 anos de ausência.

Girafas (imagem ilustrativa)
Girafas (imagem ilustrativa) © AFP/RAYMOND ROIG
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O transporte dos animais foi realizado pela organização African Parks, que gere o parque em parceria com o governo de Angola, e a fundação Giraffe Conservation. Os contêineres de transporte partiram da Namíbia e fizeram uma viagem de 1.300 quilômetros até ao outro lado da fronteira, para chegar à reserva.

O diretor do Parque Nacional do Iona, Pedro Monterroso, especialista em biodiversidade, genética e evolução, contou em entrevista à RFI que este era um regresso muito esperado, após mais de um século sem a presença da espécie:

"Não havia registos de girafas pelo menos nos últimos 100 anos (...) Como não temos registos históricos, o motivo não é claro, mas podemos suspeitar que tem a ver com a intervenção humana durante a época colonial", contou Pedro Monterroso, que durante mais de 20 anos estudou os grandes mamíferos na Universidade do Porto.

Ele conta que três girafas morreram "muito provavelmente devido ao estresse do transporte" e afirmou que é algo normal neste tipo de transferência de animais. As outras onze estão em "boa condição física, são monitoradas com regularidade e estão explorando a nova casa", detalhou.

A integração destas girafas no parque é essencial para a manutenção do ecossistema: "As girafas, como outros grandes mamíferos como os rinocerontes ou os elefantes, são considerados como engenheiros do ecossistema, isto porque desempenham funções que ajudam a estruturar a paisagem, a dispersão de sementes com as atividades que desenvolvem não só de herbivoria, mas também nas passagens, com as trilhas que fazem, ajudando a restabelecer certos processos biológicos", explicou Monterroso.

História da reserva

O Parque Nacional do Iona foi estabelecido ainda quando Angola era uma colônia portuguesa, em 1972, e abrange mais de 15 mil metros quadrados, contando com algumas das dunas mais antigas do mundo, uma parte da costa Atlântica e áreas montanhosas.

Desde o início de 2020 que o Iona é gerido pela African Parks, uma organização não-governamental sem fins lucrativos que dirige 17 parques naturais em 11 países diferentes, em parceria com o governo angolano. 

O Parque Nacional do Iona quer agora continuar a aumentar a população de girafas e trazer de volta mais espécies, com o intuito de cooperar com outros parques no país.

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