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Hong Kong: começa julgamento do bilionário dissidente pró-democracia Jimmy Lai

Preso em 2020, o bilionário e ex-proprietário do jornal de oposição Apple Daily, Jimmy Lai será julgado a partir de segunda-feira (18) por um tribunal de Hong Kong. Seu apoio aos protestos pró-democracia em 2019 levou-o a ser acusado de “conluio com forças estrangeiras”, crime previsto na Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim.

Jimmy Lai ao lado de uma cópia do jornal Apple Daily, em 1º de julho de 2020.
Jimmy Lai ao lado de uma cópia do jornal Apple Daily, em 1º de julho de 2020. AP - Vincent Yu
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Florence de Changy, correspondente da RFI em Hong Kong.

Um sistema de segurança reforçado foi mobilizado esta segunda-feira em torno do tribunal de Hong Kong — mil policiais, muitos deles à paisana, cães farejadores, buscas e verificações aprofundadas de todos os participantes — para a abertura do julgamento de Jimmy Lai, principal e mais influente opositor ao regime de Pequim em Hong Kong e no exterior. 

Acusado de “conluio com forças estrangeiras” de acordo com a Lei de Segurança Nacional de 2020, o bilionário, de 76 anos, tornou-se uma ameaça para a China.

Jimmy Lai, que está na prisão desde sua detenção, era esperado por cerca de 30 pessoas que compareceram para manifestar seu apoio, e por um grande público para assistir à audiência. 

O julgamento é emblemático: o popular Apple Daily, fundado por Jimmy Lai em 1995 e publicado em chinês, foi forçado a cessar a publicação após a prisão de seu proprietário. O bilionário tornou-se, desde então, uma figura de oposição ao controle de Pequim sobre Hong Kong. 

Os Estados Unidos e o Reino Unido, países dos quais Lai também é cidadão, pediram sua libertação antes do início do julgamento, e o secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, disse estar "particularmente preocupado com as motivações políticas do julgamento".

"A China está neste momento em uma posição difícil onde tenta relançar sua economia, que não vai muito bem. Vemos os esforços que faz Hong Kong para atrair novamente os investidores e as sociedades estrangeiras que deixaram Hong Kong por Singapura", diz Alain Wang, especialista em China e professor na École Centrale Paris.

"Então eu acho que é uma publicidade bastante negativa para a China, este processo, quanto mais reviravoltas ele tiver, mais a imprensa internacional vai falar e mais difícil vai ser passar a ideia de que tudo é normal em Hong Kong", analisa o especialista.  

Relações com Washington

Jimmy Lai nasceu na China continental e emigrou para Hong Kong aos 12 anos. Ele sempre apoiou os movimentos sociais de 2014 e 2019, e as vigílias em memória do massacre de Tianamen de 1989, organizadas todos os dias 4 de junho em Hong Kong. 

Sua participação nos protestos de 2019, contra a intervenção chinesa no sistema jurídico local, fez com que fosse condenado junto a dezenas de outros ativistas. 

Mas Pequim critica Lai sobretudo por suas relações privilegiadas com Washington. Ele chegou a fazer um apelo aos Estados Unidos para sancionarem a China após a imposição da Lei de Segurança Nacional à Hong Kong. 

Segundo a norma, Jimmy Lai enfrenta uma possível sentença de prisão perpétua. O julgamento está previsto para durar 80 dias e o veredito é esperado no segundo semestre de 2024.

Devido ao envolvimento de Jimmy Lei em questões de direitos humanos e liberdade de imprensa, Alian Wang acredita que este "é o processo da democracia, mas é também muito emblemático porque não falamos de todos que foram presos e estão em prisão e todos que foram condenados desde 1º de julho de 2020", diz. 

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