Ucrânia denuncia risco de ‘acidente nuclear’ na usina de Zaporíjia após corte de energia por Moscou
A usina de Zaporíjia, na Ucrânia, nas mãos das forças de Moscou desde 2022, teve sua rede elétrica temporariamente cortada na noite de sexta-feira (1°), criando o risco de um "acidente nuclear", de acordo com a operadora nuclear ucraniana Energoatom. A Rússia afirma que a segurança está garantida.
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"Ontem (sexta-feira) à noite, ocorreu um apagão total na usina de Zaporíjia", e geradores tiveram que ser usados, escreveu a Energoatom no Telegram, acrescentando que a energia havia sido restaurada algumas horas depois, por volta das 7h locais deste sábado (2).
A administração russa da usina de Zaporíjia reconheceu que a fonte de alimentação externa havia sido cortada, mas garantiu que "nenhuma violação" de suas "condições operacionais seguras" havia sido observada.
O nível de radiação no local da usina é "normal", informou a administração russa pelo aplicativo Telegram.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse, no sábado, que a maior usina da Europa ficou sem energia pela "oitava vez" desde o início do conflito russo-ucraniano, o que "reforça as preocupações com a segurança e proteção nuclear".
Duas linhas de eletricidade que abastecem a usina "foram cortadas", uma das quais foi "durante um ataque aéreo", explicou a Energoatom. De acordo com a operadora, o corte de energia foi perigoso para o bom funcionamento da usina, que "estava à beira de um acidente nuclear e de radiação". A empresa acrescentou que "especialistas ucranianos" teriam conseguido finalmente restaurar o fornecimento de energia da rede externa.
A usina nuclear de Zaporíjia, no sul da Ucrânia, está nas mãos dos russos desde que o país foi invadido no início de 2022.
Ataques anteriores
A falha de uma das duas linhas parece ter sido causada por um incidente que ocorreu "longe da usina", disse a AIEA, sem dar mais detalhes.
"O último corte de energia externo é mais um lembrete da natureza precária da segurança nuclear e da segurança da usina, que pode ser afetada por eventos muito distantes do próprio local", disse Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, citado no comunicado.
O presidente da Energoatom, Petro Kotin, acusou as forças russas de "não se preocuparem com a segurança na usina nuclear de Zaporijia".
"Eles continuarão a criar situações perigosas, chantageando o mundo inteiro com um acidente nuclear", concluiu Kotin.
Energia nuclear defendida na COP28
Neste sábado, terceiro dia da COP 28, em Dubai, cerca de 20 países, incluindo os Estados Unidos, a França e os Emirados Árabes Unidos, pediram em uma declaração conjunta, para triplicar a capacidade de energia nuclear do mundo até 2050, em comparação com 2020, a fim de reduzir a dependência do carvão e do gás, que é a principal questão em jogo nesta Conferência climática da ONU.
O anúncio foi feito por John Kerry, enviado dos EUA para o clima, em Dubai, na companhia de vários líderes, incluindo Emmanuel Macron e o primeiro-ministro belga Alexander de Croo. No entanto, a China e a Rússia, os principais construtores de usinas nucleares do mundo, não estavam entre os signatários.
Rafael Grossi pediu que o financiamento público internacional para a energia nuclear seja desbloqueado. Em uma entrevista à AFP na COP28, ele também disse acreditar que seria "um erro" desqualificar essa forma de energia devido aos erros cometidos em certos projetos.
(Com informações da AFP)
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