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Ataque a hospital na Faixa de Gaza gera indignação internacional; Israel nega responsabilidade

Pelo menos 200 pessoas morreram nesta terça-feira (17) em um ataque ao hospital Ahli Arab, na Faixa de Gaza. O Hamas acusa Israel pelos bombardeios, mas durante a noite, as forças israelenses atribuíram o tiro de foguete à organização palestina Jihad Islâmica, que desmentiu. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, denunciou um "massacre" e decretou três dias de luto nacional.

Palestinos choram após ataque a hospital em Gaza, que deixou pelo menos 200 mortos
Palestinos choram após ataque a hospital em Gaza, que deixou pelo menos 200 mortos AP - Abed Khaled
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Nesta quarta-feira, um porta-voz do Exército israelense declarou que o país não atacou o hospital e não há sinais de um bombardeio aéreo na região, como acusa o Hamas. Nenhum estrago estrutural, diz, é perceptível nos prédios vizinhos do estabelecimento. Israel afirma também que o Hamas "exagerou" no número de vítimas relacionadas à explosão e que tem "provas" da responsabilidade da Jihad Islâmica no ataque.

"As provas, que vamos compartilhar, confirmam que a explosão no hospital foi causada por um tiro fracassado de foguete. Essa análise está baseada em informações, sistemas operacionais e imagens aéreas", disse o porta-voz.

O ataque gerou indignação internacional. Em uma mensagem publicada na rede X (ex Twitter), o chanceler alemão, Olaf Scholz, declarou nesta quarta-feira (18) que ficou "horrorizado" com as imagens do ataque a Gaza, que atingiu principalmente civis, incluindo mulheres e crianças. Ele pediu uma investigação "aprofundada". 

"Nada justifica um ataque a um hospital cheio de civis", também frisou Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. "Todos os fatos devem ser esclarecidos e os responsáveis prestar contas", afirmou Von der Leyen diante do Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Para a OMS, a situação em Gaza "está fora de controle".

 A Secretaria de Comunicação das autoridades de Gaza denunciou um "crime de guerra". "O hospital abrigava centenas de doentes e feridos, assim como pessoas deslocadas à força", por causa dos bombardeios, disse o comunicado 

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou nesta terça-feira (17), também na rede X, "que nada justifica tomar civis como reféns." Ele pediu a abertura de um corredor humanitário em Gaza.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que o ataque contra infraestruturas civis "não está de acordo com o direito internacional".

O drama acontece a poucas horas da visita de Joe Biden em Israel, nesta quarta-feira. Segundo a Casa Branca, o presidente americano vai adiar a etapa da viagem prevista na Jordânia. Ele se disse "indignado" e "profundamente triste pela explosão".

O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, enviou "condolências" ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pelo ataque no hospital, nesta quarta-feira.

O papa Francisco fez um apelo para evitar "uma catástrofe humanitária em Gaza". O sumo pontífice também expressou preocupação de o conflito se estender a outras regiões.

"As vítimas estão aumentando e a situação em Gaza é desesperadora. Por favor, façam todo o possível para evitar uma catástrofe humanitária", disse o jesuíta argentino no final de sua audiência geral semanal no Vaticano.

Reunião do Conselho de Segurança 

A pedido da Rússia e dos Emirados Árabes, o Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião de emergência nesta quarta-feira (18)

A reunião será às 14h GMT (11h em Brasília), confirmou a ONU. Fontes diplomáticas da organização informaram que a resolução apresentada pelo Brasil, que presidete atualmente o Conselho de Segurança, será submetida a votação antes desse horário.

Em plena atividade diplomática envolvendo a guerra entre Israel e o Hamas, o Conselho de Segurança rejeitou nesta terça-feira uma resolução proposta pela Rússia e deve se pronunciar sobre um segundo texto, proposto pelo Brasil.

A resolução russa rejeitada na segunda-feira mencionava um "cessar-fogo humanitário imediato, duradouro e plenamente respeitado", e um acesso humanitário "sem limitações" à Faixa de Gaza. Mas não citava o grupo islamista Hamas no ataque do dia 7 de outubro que desencadeou o conflito. Isso foi considerado inaceitável pelos Estados Unidos, Reino Unido e França.

O projeto de resolução do Brasil condena especificamente "os ataques terroristas de ódio do Hamas".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se declarou "horrorizado" com o ataque a um hospital em Gaza, que deixou ao menos 200 mortos, segundo mensagem publicada nesta terça-feira (17) em suas redes sociais.

"Meu coração está com as famílias das vítimas. Os hospitais e o pessoal médico são protegidos pelo direito internacional humanitário", disse Guterres no X, (antigo Twitter). Em um comunicado difundido depois por seu porta-voz, Guterres também condenou o ataque a uma escola administrada pela ONU em um campo de refugiados em Gaza, que deixou seis mortos.

Manifestações

O ataque ao hospital gerou diversas manifestações nas ruas de Teerã, Amã, Istambul, Túnis e Beirute. Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, foram registrados diversos incidentes entre manifestantes, que pediram a saída do presidente Abbas.

Em Teerã, capital iraniana, centenas de pessoas se concentraram em frente às embaixadas da França e do Reino Unido, onde atiraram ovos e gritaram "morte" aos dois países europeus, 

O Egito, por sua vez, pediu a Israel que "pare de bombardear as proximidades do terminal de Rafah", um posto fronteiriço no sul da Faixa de Gaza, para permitir a entrada de ajuda humanitária "o mais rapidamente possível".

Toneladas de material humanitário estão bloqueadas no deserto do Sinai, no Egito, aguardando a abertura desse terminal, bombardeado quatro vezes por Israel desde o início desta guerra. O Exército israelense ordenou na sexta-feira a evacuação da região norte da Faixa, onde vivem 1,1 milhão de pessoas, o que sinaliza a preparação para uma ofensiva terrestre.

Netanyahu pede apoio

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu acabar com o Hamas e nesta terça-feira pediu que o mundo se una a Israel contra o Hamas. "Da mesma forma que o mundo se uniu para vencer os nazistas (...), deve unir-se a Israel para vencer o Hamas", declarou.

A tensão também aumenta no norte de Israel, na fronteira com o Líbano, onde o Exército israelense anunciou ter matado nesta terça-feira quatro homens armados que tentavam cruzar a fronteira, em meio a trocas de tiros com o Hezbollah, aliado do Hamas.

O Hezbollah convocou "um dia de revolta" para esta quarta-feira, em repúdio ao bombardeio do hospital. Organismos internacionais alertam que os moradores de Gaza estão ficando sem água, alimentos e combustíveis. Há comida para mais "quatro ou cinco dias", alertou, nesta terça-feira, o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

(AFP e RFI)

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