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Vários países fazem apelo por abertura de passagem de Rafah; Israel desmente cessar-fogo em Gaza

No momento em que uma operação terrestre do exército israelense se prepara para iniciar, milhares de pessoas aguardam a abertura da passagem de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, para deixar o território. Israel desmentiu nesta segunda-feira (16) uma informação propagada por mídias internacionais de que um acordo havia sido concluído para permitir que estrangeiros deixem o enclave. Diversos países intensificam os esforços diplomáticos.

Palestinos se aglomeram nesta segunda-feira (16) em torno da passagem de Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, na esperança de conseguir deixar o enclave.
Palestinos se aglomeram nesta segunda-feira (16) em torno da passagem de Rafah, na fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, na esperança de conseguir deixar o enclave. REUTERS - IBRAHEEM ABU MUSTAFA
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A situação é confusa nesta segunda-feira na Faixa de Gaza devido à divulgação de informações desencontradas sobre a possibilidade de evacuação de civis. A reabertura da passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e o território palestino, é alvo de intensas negociações desde a semana passada. Após três bombardeios israelenses, Cairo fechou o local e diz que aguarda a autorização de Israel para reabri-lo. 

Centenas de palestinos se aglomeram nos arredores da passagem de Rafah, muitos deles carregando crianças e passaportes estrangeiros, acreditando que possam ser prioridade na fila da saída.

"Estamos aqui há três dias", diz Ahmad Al-Qassas, que também tem a nacionalidade alemã. "Cada vez mais chegam mais pessoas em busca de segurança, mas continuamos ouvindo tiros de artilharia ao nosso redor. Não há realmente nenhum lugar seguro em Gaza", reitera.

Na última sexta-feira (13), Tel Aviv ordenou que os moradores de Gaza se dirigissem ao sul do enclave, o que suscitou um deslocamento de mais de um milhão de pessoas. No entanto, as autoridades israelenses continuaram atacando o território durante todo o fim de semana. 

A Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de pessoas, está sob um cerco total depois dos ataques de 7 de outubro do grupo Hamas contra Israel. Até o momento, 2.750 palestinos morreram nos ataques israelenses que também deixaram mais 9,7 mil feridos no enclave. Em Israel, mais de 1.400 pessoas morreram na ofensiva do movimento islâmico, a maioria civis. Segundo Tel Aviv, o Hamas teria capturado 199 reféns.  

Esforços diplomáticos 

Os chefes da diplomacia da França e do Egito fizeram um apelo nesta segunda-feira no Cairo para que ajuda humanitária entre na Faixa de Gaza e os estrangeiros possam sair do local. 

"Aqueles que querem deixar Gaza devem poder fazê-lo", afirmou a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna. "A todos, pedimos que os pontos de passagem possam ser abertos", declarou. 

Já o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Choukri, criticou Israel por não ter dado autorização para a abertura da passagem de Rafah. Na região do Sinai egípcio, uma longa fila de comboios humanitários aguarda a resolução do impasse.

"Não há cessar-fogo e entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza em troca da saída de estrangeiros", frisou o escritório do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta segunda-feira. 

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que esteve em países da região negociando a libertação de reféns e a criação de um corredor humanitário para os civis, retornou nesta manhã a Israel. A Casa Branca também anunciou nesta segunda-feira o cancelamento de uma viagem do presidente Joe Biden ao estado do Colorado, no oeste, aumentando as especulações sobre uma possível viagem do líder democrata a Israel.

Martin Griffiths, encarregado da ONU das situações humanitárias, indicou que viajará ao Oriente Médio na terça-feira (16) para "ajudar nas negociações". Em um vídeo divulgado nesta manhã, Griffiths disser esperar "ter boas notícias" em breve sobre o encaminhamento de ajuda através da passagem de Rafah. 

"Gostaria de salientar que é um inaceitável e ilegal tomar estes reféns em Israel, muitos dos quais - pelo amor de Deus - são crianças, mulheres, idosos e doentes", disse. 

"A resposta a esse ato odioso deve respeitar as leis humanitárias da guerra. Não se pode pedir às pessoas que se protejam do perigo sem ajudá-las a fazê-lo, sem ajudá-las a chegar aos locais onde desejam estar seguras e com a ajuda humanitária de que necessitam para fazer esta viagem em segurança", reiterou Griffiths. 

Intensos bombardeios

As forças israelenses deram continuidade nesta segunda-feira aos bombardeios na Faixa de Gaza. Segundo os moradores, os ataques da última madrugada foram os mais intensos dos nove dias de conflito. Prédios inteiros vieram abaixo e a quantidade de mortos e feridos deve seguir aumentando. 

As mídias israelenses publicaram nesta manhã um documento do gabinete de guerra do país com quatro pontos que determinam os objetivos da ofensiva na Faixa de Gaza. Primeiramente, Tel Aviv quer acabar com a capacidade militar e a soberania do Hamas no enclave. Israel também exige a criação de uma fronteira que garanta a segurança de sua população e impeça qualquer possibilidade de ataques do território palestino. Outra meta é a volta dos reféns capturados pelo Hamas. 

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira para debater projetos de resolução para tentar apaziguar o conflito. A Rússia apresentou na sexta-feira aos Estados-membros do grupo um projeto de resolução que pede um "cessar-fogo humanitário imediato, duradouro e plenamente respeitado" e um acesso humanitário "sem obstáculos" à Faixa de Gaza, segundo as fontes.

O Brasil, que assumiu a presidência do Conselho de Segurança em outubro, também proporá um texto que condena "os atrozes ataques terroristas do Hamas".

(Com informações da AFP)

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