Minas terrestres aterrorizam aldeias ucranianas liberadas da ocupação russa
O vilarejo de Kamianka, na região de Kharkiv, quase na linha de frente da guerra, foi liberado há um ano da ocupação russa. Desde então, o trabalho de remoção de minas tem progredido lentamente. A RFI conversou com os poucos habitantes que optaram por voltar a viver no local e que continuam aterrorizados com a existência de minas terrestres.
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Anastasia Becchio e Boris Vichith, enviados especiais da RFI à Ucrânia
Restos de um míssil de munição de fragmentação foram encontrados por moradores da região no meio de um pomar, ao lado de enormes repolhos e abóboras. A ucraniana Iryna Oleinik mostra com orgulho a curiosa ferramenta que seu marido e seu filho fizeram para limpar a propriedade, cansados de esperar pelos removedores de minas.
"Eles amarraram essa pá em um poste de quatro metros de comprimento. Havia uma mina a cada metro. Eles limparam o pomar e agora você pode ver os magníficos repolhos que temos", diz ela. Tínhamos que fazer alguma coisa, caso contrário não poderíamos ficar aqui. Havia minas por toda parte. Meu marido e meu filho fizeram tudo sozinhos, por conta própria e com risco de vida", conta.
A família descobriu no total 28 dispositivos explosivos. Mas enquanto Serguei estava podando o jardim do lado de fora de sua porta, outra mina explodiu em seu rosto. Ele ficou cego de um olho e está aguardando uma terceira cirurgia. "Toda a aldeia está cheia de material bélico não detonado. A última coisa que você quer fazer é sair da estrada", adverte ele. Pode haver uma mina embaixo de cada pedaço de entulho", diz ele à RFI.
Amputação de membros
Mykola, na casa dos 30 anos, é cauteloso com minas terrestres, que podem estar em qualquer lugar, mas uma delas explodiu de surpresa em sua presença e ele foi ferido na perna. "Fui ver minha tia Lena. Perguntei a ela: 'Você notou alguma mina? Ela disse que não", lembra ele. Então, eu me choquei contra um galho e algo explodiu no meu lado. Se eu tivesse pisado nela, teria perdido um pé. Sete moradores já pisaram em minas e perderam uma perna", diz ele.
Milhares de minas e artefatos não detonados ainda permanecem nas áreas onde ocorreram os combates. As autoridades ucranianas estimam que existam cerca de 250.000 quilômetros quadrados de áreas minadas na Ucrânia.
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