Acessar o conteúdo principal

Nagorno-Karabakh: separatistas armênios negociam retirada de tropas com Azerbaijão

Os separatistas armênios de Nagorno-Karabakh afirmaram, nesta sexta-feira (22), que estão negociando a retirada de suas tropas do enclave. O Azerbaijão reivindicou o controle da região após uma ofensiva militar relâmpago.

Manifestantes diante dos policiais armênios no centro da cidade de Erevan, em20 de setembro
Manifestantes diante dos policiais armênios no centro da cidade de Erevan, em20 de setembro AFP - KAREN MINASYAN
Publicidade

De acordo com um comunicado divulgado pelas autoridades da região, "as negociações estão em curso com a parte azerbaijana, com a mediação dos soldados russos de manutenção da paz, para organizar o processo de retirada das tropas e garantir o retorno para casa dos cidadãos deslocados pela agressão militar."

As partes também estão discutindo "o procedimento de entrada e saída dos cidadãos" de Nagorno-Karabakh, que tem ligação com a Armênia por uma única rodovia, o corredor de Lachin.

O governo do Azerbaijão e os separatistas armênios realizaram na quinta-feira a primeira rodada de negociações para a "reintegração" do enclave, que terminou com o anúncio de que outra reunião acontecerá em breve.

Os separatistas se comprometeram a entregar as armas como parte de um acordo de cessar-fogo que acabou com a ofensiva de um dia do Azerbaijão na região de maioria armênia. Moscou anunciou, nesta sexta, que as tropas separatistas armênias já tinham entregue seis blindados e mais de 800 armas leves com munições.

O ministério da Defesa russo também informou, por meio de nota, ter detectado duas violações do cessar-fogo acordado na quarta-feira, um número inferior ao da véspera. Segundo os separatistas armênios, a operação militar do Azerbaijão deixou pelo menos 200 mortos e 400 feridos.

Nagorno-Karabakh já foi sacudida por duas guerras entre as antigas repúblicas soviéticas do Cáucaso, Azerbaijão e Armênia: uma, de 1988 a 1994, com 30.000 mortos; outra, em 2020, com 6.500 mortos.

Capital sitiada

Segundo Armine Hayrapetyan, porta-voz das autoridades de Nagorno-Karabakh, as tropas do Azerbaijão cercaram Stepanakert, capital da região separatista, e a população está "escondida nos porões".

"As pessoas temem que os soldados azerbaijanos entrem na cidade a qualquer momento e comecem a matar", acrescentou a porta-voz. Segundo os separatistas armênios, a operação militar do Azerbaijão deixou pelo menos 200 mortos e 400 feridos.

Longa espera

No corredor de Lachin, várias pessoas esperavam nesta sexta-feira, perto de um posto de controle, o retorno de familiares bloqueados no enclave. 

Criticado por não ter enviado ajuda a Nagorno-Karabakh, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, admitiu, no Conselho de Ministros, que "a situação" continua "tensa". Mas "há esperança de uma dinâmica positiva", acrescentou o chefe do governo armênio, segundo o qual o cessar-fogo que entrou em vigor na quarta-feira entre os separatistas armênios e o Azerbaijão está sendo "globalmente" respeitado.

Protestos

Ainda nesta sexta, novas manifestações contra Pashinyan ocorreram nas ruas da capital armênia, Yerevan, que terminaram com 98 novas detenções.

O primeiro-ministro acusou a Rússia, que tem um contingente destacado em Nagorno-Karabakh desde a última guerra, em 2020, de ter falhado em sua missão de manutenção da paz. Segundo o Azerbaijão, seis soldados russos desta unidade morreram durante a ofensiva. O presidente Ilham Aliyev pediu desculpas a seu homólogo russo, Vladimir Putin, por estas mortes.

A vitória do Azerbaijão poderia levar a um deslocamento maciço de 12 mil habitantes de Nagorno-Karabakh, embora a Armênia tenha garantido que não prevê qualquer evacuação em massa. Yerevan informou, no entanto, estar pronta para receber "40 mil famílias" de refugiados.

De acordo com a agência estatal de notícias do Azerbaijão, a Azertag, Baku enviou 40 toneladas de ajuda humanitária para a região nesta sexta-feira. Mais de 10 mil pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, já foram retiradas.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.