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Terremoto no Marrocos: "cada pessoa que transportamos perdeu pelo menos dois familiares"

Mais de 48 horas após o terremoto que já deixou cerca de 2.497 mortos, segundo o último balanço, e mais de 2.421 feridos no Marrocos, o mais grave em seis décadas, as equipes de resgate continuam mobilizadas na busca por sobreviventes nos escombros. 

Mulheres choram enquanto equipes de resgate retiram corpos dos escombros do vilarejo de Imi N'Tala, perto de Amizmiz.
Mulheres choram enquanto equipes de resgate retiram corpos dos escombros do vilarejo de Imi N'Tala, perto de Amizmiz. AFP - FADEL SENNA
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Mounia Daoudi, enviada especial da RFI a Marrakech

Neste domingo (10) muitos sobreviventes desabrigados dormiram nas ruas. O tremor, de  6.8º na escala Ritcher, ocorreu a 72 quilômetros do sudoeste de Marrakech e também destruiu prédios históricos da mesquita de Marrakech, que é patrimônio mundial da Unesco. 

O terremoto também pode ter causado estragos na mesquita de Tinmel, do século 12, e que está situada em uma área montanhosa isolada, perto do epicentro do tremor de terra. 

O governo do Marrocos anunciou no domingo à noite que aceitou as ofertas de envio de equipes de busca e resgate da Espanha, Reino Unido, Catar e Emirados Árabes Unidos, que entraram em contato com as autoridades marroquinas para coordenar o trabalho, informou o Ministério do Interior em um comunicado.

A Espanha anunciou o envio de 86 socorristas acompanhados por cães farejadores. Um voo humanitário decolou do Catar no domingo. O ministério marroquino afirmou que "em caso de evolução das necessidades", outras ofertas de ajuda podem ser aceitas.

Vários países, incluindo França, Estados Unidos e Israel, também ofereceram ajuda ao reino do norte da África após o terremoto.

"Marrocos é um país soberano e cabe a ele organizar as operações de resgate", disse a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, que anunciou uma ajuda de 5 milhões de euros (5,36 milhões de dólares) às ONGs que já estão trabalhando no país.

As equipes de emergência do Marrocos, com o apoio de socorristas estrangeiros, prosseguem nesta segunda-feira com os esforços para encontrar sobreviventes e ajudar as pessoas que tiveram suas casas destruídas pelo terremoto.
As equipes de emergência do Marrocos, com o apoio de socorristas estrangeiros, prosseguem nesta segunda-feira com os esforços para encontrar sobreviventes e ajudar as pessoas que tiveram suas casas destruídas pelo terremoto. REUTERS - NACHO DOCE

As relações entre a França e o Marrocos ficaram mais tensas nos últimos anos, principalmente quanto à questão do Saara ocidental, que o Marrocos espera que a França reconheça como território marroquino. O país está sem embaixador na França desde janeiro. 

Enquanto aguardam a chegada de mais equipes estrangeiras, as autoridades marroquinas começaram a instalar tendas na área de Alto Atlas, onde localidades inteiras foram destruídas pelo terremoto.

Socorristas, voluntários e soldados trabalham para encontrar sobreviventes e retirar corpos dos escombros, em particular nos municípios da província de Al Hauz, epicentro do tremor ao sul da cidade turística de Marrakech, Nyaqoub e Amizmiz.

Em Tikht, uma pequena localidade próxima de Adassil, um minarete e poucas casas resistiram ao tremor.

 

População faz fila para doar sangue no Marrocos
População faz fila para doar sangue no Marrocos REUTERS - ABDELHAK BALHAKI

Situação humanitária 

A médica do Hospital Universitário de Marrakech, Soukaina Yassine, diz que a situação está, atualmente, "um pouco menos tensa" do que nas primeiras 48 horas. 

"No início, havia de fato muita pressão. Os feridos chegavam em uma situação crítica, nós os estabilizávamos e, se fosse necessário, levávamos para o bloco operatório", explicou em entrevista à RFI. "Há crianças no Pronto Socorro que não têm mais família. Os dois pais morreram e eles estão abandonados. É muito difícil. Dói demais", conta.

"Não parei até agora. O pior é que cada paciente que a gente transporta perdeu pelo menos duas ou três pessoas da família. Essas pessoas estão num estado inimaginável e precisam de ajuda", explica Abdelwahab, que dirige as ambulâncias. 

Hospitalidade marroquina

No centro regional de doação de sangue, a atividade é intensa. Nesta manhã, o local acabou de abrir as portas e a fila de doadores já é grande. Amine, o médico que faz o atendimento, está impressionado. "Essa é a hospitalidade marroquina. Todo mundo está mobilizado para salvar vidas, temos pacientes com doenças crônicas, pessoas idosas, ou que foram recentemente operadas. Tem tanta gente que nem poderemos receber o sangue de todas!"

Do lado de fora, a voluntária Chaimaie, 20 anos, ajuda a organizar a fila. "Verificamos se as pessoas tomaram café da manhã. Se não for o caso, damos água e tâmaras e algo mais consistente", diz.

Com informações da AFP

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