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Mundo tem enchentes simultâneas: Brasil, Grécia, Hong Kong, Turquia e Bulgária sofrem com as chuvas

Enchentes simultâneas atingem vários países ao mesmo tempo, espalhados pelo mundo. Nos últimos dias, a região do Brasil, a Grécia, a Espanha, a Turquia, a Bulgária e Hong Kong – que registra as piores chuvas em 140 anos – contam as mortes em meio às inundações.

Na Grécia, casal de idosos observa alagamento depois que o rio Pinios transbordou, em Larissa. (8 de setembro de 2023)
Na Grécia, casal de idosos observa alagamento depois que o rio Pinios transbordou, em Larissa. (8 de setembro de 2023) REUTERS - LOUISA GOULIAMAKI
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Na quarta-feira (6), o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que "o colapso climático já começou”. "O nosso clima está a implodir mais depressa do que conseguimos aguentar, com fenômenos meteorológicos extremos a atingir todos os cantos do planeta", disse o português.

No Rio Grande do Sul, as mortes já chegam a 41, principalmente na região do Vale do Taquari, após a passagem de um ciclone devastador. Chuvas intensas e ventos fortes causaram destruição e deixaram localidades submersas, com milhares de pessoas desabrigadas.

Este é o mais recente de uma série de desastres climáticos que se sucederam nos últimos meses no Brasil, e o mais mortal do Rio Grande do Sul.

Ciclone atingiu cidade gaúcha de Roca Sales, uma das mais atingidas no Rio Grande do Sul. (7 de setembro de 2023)
Ciclone atingiu cidade gaúcha de Roca Sales, uma das mais atingidas no Rio Grande do Sul. (7 de setembro de 2023) AFP - SILVIO AVILA

As chuvas intensas e os ventos fortes afetaram no total 70 municípios e mais de 52 mil pessoas. As autoridades também informaram que mais de 5,3 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. A cidade de Muçum, onde foram localizados 15 mortos, ficou parcialmente submersa.

Metrô inundado em Hong Kong

Do outro lado do planeta, na Ásia, ruas e estações de metrô de Hong Kong estão inundadas e as escolas, fechadas, depois das chuvas mais intensas já registradas desde 1884 nessa ex-colônia britânica. A menos de uma semana, o território foi atingido pela passagem de um supertufão.

Um total de 600 mm de água (600 litros por metro quadrado) ocorre em 24 horas, o que corresponde a 25% da precipitação média anual, informou o Observatório de Hong Kong, da agência meteorológica da cidade. Um alerta preto, o nível mais alto, foi emitido, e os moradores foram orientados a ficar em casa. A água invadiu o prédio da Bolsa de Valores de Hong Kong, a principal da Ásia. 

Trabalhadores limpam escombros perto de lojas depois que o tufão Saola atingiu Hong Kong, com ventos fortes e chuva. (2 de setembro de 2023)
Trabalhadores limpam escombros perto de lojas depois que o tufão Saola atingiu Hong Kong, com ventos fortes e chuva. (2 de setembro de 2023) AP - Billy H.C. Kwok

As autoridades de Hong Kong informaram na noite de quinta-feira (7) que vários bairros ficaram inundados e que os serviços de emergência estavam fazendo operações de resgate. Shenzhen, a grande metrópole chinesa vizinha a Hong Kong, também sofre suas piores chuvas desde 1952, segundo a imprensa estatal.

A região registrou condições meteorológicas extremas e temperaturas recordes neste verão – fenômenos que, de acordo com cientistas, foram agravados pela mudança climática. O Observatório de Hong Kong informou que até 158,1 mm caíram em uma hora durante a noite, um nível sem precedentes em 140 anos de medições.

"É como despejar o conteúdo de quatro banheiras em uma só: transborda", resumiu Eric Chan, o número dois do governo local. Segundo as autoridades, "estas condições extremas" continuarão até à meia-noite desta sexta (13h em Brasília). Mais de 80 pessoas recorreram aos serviços de emergência hospitalar, mas até o momento, nenhuma morte foi registrada.

Grécia, Espanha, Turquia e Bulgária

Já na Europa, é a região sudeste que enfrenta chuvas torrenciais, que atingiram a Grécia, a Turquia e Bulgária esta semana.

Na Grécia, os bombeiros, apoiados pelo exército, continuam as operações de evacuação de centenas de residentes de vários vilarejos bloqueados pelas inundações na Tessália, que deixaram sete mortos até agora, segundo um novo relatório das autoridades.

Três pessoas – duas mulheres de 80 anos e um homem de 69 anos – foram encontradas mortas nas últimas 24 horas, elevando para sete o número de mortos nas fortes chuvas que caíram de terça a quinta-feira na região, principal planície no centro do país.

Contêineres ficaram espalhados perto de uma estação de trem após as enchentes causadas por fortes chuvas em Istambul, Turquia, na quarta-feira, 6 de setembro de 2023.
Contêineres ficaram espalhados perto de uma estação de trem após as enchentes causadas por fortes chuvas em Istambul, Turquia, na quarta-feira, 6 de setembro de 2023. AP - Ugur Yildirim

Helicópteros e botes salva-vidas estão sendo usados ​​como parte de uma “grande operação”, disseram os bombeiros, para ter acesso às aldeias, bloqueadas pelas cheias dos rios.

Segundo os bombeiros, pelo menos seis pessoas estão desaparecidas, especialmente nas províncias de Magnésia e Karditsa, a 330 quilômetros ao norte de Atenas. “É quase certo que outras pessoas serão encontradas mortas”, lamenta Christodoulos Makris, 53 anos, um agricultor que conseguiu sair de Palamas, na quinta-feira, a bordo do seu trator, antes de se refugiar num edifício municipal de Itea, um vilarejo vizinho.

“Quase morremos ontem (quinta-feira), não tínhamos água potável nem eletricidade”, disse Mina Mprakratsi à AFP nesta sexta-feira a bordo de um barco salva-vidas, depois de ter sido retirada da sua casa inundada.

Descrita como um “fenômeno extremo em termos da quantidade de água que cai no espaço de 24 horas” pelos especialistas, a tempestade denominada “Daniel” atingiu Magnésia, a 300 quilômetros ao norte da capital, na segunda e terça-feiras. As chuvas ocorrem enquanto o país se recupera de semanas de incêndios florestais, no auge do verão, em agosto.

Rio Alberche transbordou após uma forte chuva em Aldea del Fresno, na Espanha, em 4 de setembro de 2023.
Rio Alberche transbordou após uma forte chuva em Aldea del Fresno, na Espanha, em 4 de setembro de 2023. REUTERS - SUSANA VERA

Impacto do aquecimento global

Com o aquecimento global, a atmosfera contém mais vapor de água (cerca de 7% para cada grau adicional), aumentando as chances de eventos de precipitação intensa em algumas partes do mundo, principalmente na Ásia, na Europa Ocidental e na América Latina. Associadas a outros fatores, como a urbanização, elas provocam enchentes.

Na Espanha, foram encontrados os corpos de duas pessoas desaparecidas na região de Madri após as fortes chuvas que atingiram a região no início desta semana, disseram as autoridades espanholas.

Assim, sobe para cinco o número de vítimas confirmadas no país. Uma sexta pessoa, uma mulher arrastada por um rio inundado na província de Toledo (centro), ainda está desaparecida.

Segundo a prefeitura da região de Madri, os dois corpos foram descobertos em Aldea del Fresno, município localizado a 60 quilômetros de Madri. Esta localidade é uma das mais afetadas pelas tempestades que caíram no centro de Espanha durante a noite de domingo para segunda-feira.

País na linha da frente do aquecimento global, a Espanha é regularmente atingida por chuvas torrenciais no final do verão e no outono, que penam para penetrar no solo e provocam o aumento repentino dos leitos dos rios. Este fenômeno, denominado Dana pelos meteorologistas (depressão isolada em níveis elevados), costuma ter consequências dramáticas: em 2018, 13 pessoas morreram na ilha de Maiorca, nas Ilhas Baleares.

Na Turquia e na Bulgária, dois países que fazem fronteira com a Grécia, as chuvas torrenciais dos últimos dias causaram um total de 12 mortes. As ruas do noroeste turco viraram rios. Cinco pessoas morreram e uma estava desaparecida pelas enchentes que atingiram a cidade de Kirklareli.

Destroços cobrem uma praia após uma forte chuva em Nea Agxialos, perto de Volos, no centro da Grécia, em 7 de setembro de 2023.
Destroços cobrem uma praia após uma forte chuva em Nea Agxialos, perto de Volos, no centro da Grécia, em 7 de setembro de 2023. AFP - SAKIS MITROLIDIS

Em Istambul, as chuvas ocorrem depois de um verão particularmente seco, em que os reservatórios de água da cidade de 16 milhões de habitantes caíram para o nível mais baixo em nove anos.

A costa da Bulgária, no Mar Negro, também foi atingida pelas chuvas mais fortes desde 1994, matando pelo menos três pessoas e deixando turistas ilhados. As inundações, pouco comuns na zona costeira do Mar Negro, estão mais comuns devido ao impacto da mudança climática e à manutenção deficiente das infraestruturas.

(Com informações da AFP)

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