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Golpe no Níger: China monitora com cautela seus interesses econômicos no país africano

Segundo maior investidor no Níger, atrás apenas da França, e primeiro fornecedor de bens para o país africano, a China tem mostrado muita cautela na gestão de seus interesses na região desde o golpe de Estado, em 26 de julho, que derrubou o presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum. Se as sanções contra o Níger forem prolongadas, diversos projetos chineses serão diretamente afetados.

Operários do Níger e da China trabalham em um canteiro de obras de um oleoduto na região de Gaya, no Níger, em 10 de outubro de 2022.
Operários do Níger e da China trabalham em um canteiro de obras de um oleoduto na região de Gaya, no Níger, em 10 de outubro de 2022. AFP - BOUREIMA HAMA
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Os interesses chineses no país têm crescido ao longo dos últimos 15 anos, a exemplo da organização, no último mês de abril, de um primeiro fórum de investimentos China-Níger.

"A China faz o que diz e diz o que faz", afirmou o embaixador do país no Níger, em 3 de julho, durante uma audiência no Palácio Presidencial, após a qual anunciou que seu país construiria em Niamey uma indústria agroalimentar, manufatureira, mineradora e imobiliária.

Mas como Pequim irá proceder neste novo contexto político e como irá lidar com os militares que chegaram ao poder? O Ministério das Relações Exteriores chinês até agora se limitou a pedir uma solução negociada para esta situação ainda instável.

Presente nos setores de petróleo e mineração, mas também no setor de infraestrutura, a China teria muito a perder em caso de sanções prolongadas ou a instabilidade do Níger.

Bloqueios financeiros

A construção da barragem de Kandadji, por exemplo, que deverá aumentar substancialmente a produção de eletricidade do país, já foi suspensa e seus funcionários foram despedidos. O China Gezhouba Group, gigante chinês da construção responsável pelo projeto, destaca os problemas causados pelos bloqueios financeiros decorrentes das últimas decisões tomadas pelos parceiros do Níger.

Por outro lado, a Petrochina, que constrói atualmente o oleoduto que ligará o Níger ao Benin em mais de 2 mil km, até agora não fez nenhum anúncio. Antes do golpe, o projeto estava programado para ser concluído até o final de 2023.

Por enquanto também não há notícias por parte das últimas empresas chinesas a fecharem acordos com o Níger. Entre as companhias está a Sinopec, grande petrolífera pública chinesa, disposta a investir no país africano, na esteira da CNPC, que opera as jazidas de Agadez e construiu a refinaria de Zinder.

A estas empresas se soma a Companhia Nacional de Urânio da China, que pretende relançar a produção na área de Somina, a noroeste de Agadez, onde a produção está interrompida desde 2015. Para isso, um memorando de entendimento já havia sido assinado em junho passado.

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