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Twitter perde anunciantes por falta de moderação e aproximação com extremismos

A RFI entrevistou Emmanuelle Patry, fundadora do grupo Social Media Lab, especializado em mercado digital na França, sobre as razões por trás da queda nas receitas do Twitter. O calcanhar de Aquiles teria sido a mudança nas regras de moderação, em particular seu relaxamento, e a aproximação perigosa com extremismos.

Em preto, o logotipo do novo aplicativo da Meta, o Threads, um concorrente do Twitter.
Em preto, o logotipo do novo aplicativo da Meta, o Threads, um concorrente do Twitter. © Richard Drew / AP
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A consultoria Insider Intelligence estimou, em maio de 2023, que as receitas da rede social cairiam em 1/3 em 2023 em comparação com 2022, o que de fato está se confirmando. Há alguns dias, o CEO do Twitter, Elon Musk, anunciou que a plataforma da qual ele é proprietário perdeu metade de sua receita de publicidade.

"É verdade que a erosão das receitas nas redes sociais é geral, pois cada vez mais plataformas estão competindo entre si", argumenta Emmanuelle Patry, fundadora do Social Media Lab, organização francesa de treinamento especializada em marketing digital e redes sociais. "No entanto, a chegada de Elon Musk ao comando do Twitter, em outubro passado, precipitou a fuga dos anunciantes dessa rede social", ressalta ela.

Para Emmanuelle Patry, essa queda significativa na receita de publicidade do Twitter está relacionada a vários fatores. Entre outros, o fato de que "o Facebook e o Twitter, antes dominantes, agora enfrentam a concorrência de outras redes, inclusive as internas, como o Instagram, que compete diretamente com o Facebook no grupo Meta. Esse fenômeno vem ocorrendo há vários anos", disse ele à RFI.

Além disso, Musk "tomou uma série de decisões ultrajantes quando chegou ao Twitter, inclusive demitindo várias equipes históricas e mudando completamente a cultura corporativa", lembra Patry.

Mas o que mais contribuiu para o declínio das receitas do Twitter foi a mudança nas regras de moderação, de acordo com esse especialista. "Um anunciante precisa de uma plataforma com conteúdo de qualidade para que sua imagem seja associada a essa qualidade. No entanto, com o relaxamento das regras de moderação, muito ódio se espalhou, críticas negativas e extremismo explodiram em todo o mundo. Esse é um problema sério para os anunciantes, pois eles precisam de um ambiente seguro, não querem que sua imagem seja associada ao extremismo, ao racismo e a outras questões semelhantes, que estão cada vez mais presentes no Twitter", enfatiza.

Anunciantes migram para TikTok e Instagram

Mas, então, para onde estão indo os anunciantes que deram as costas ao Twitter? Redes como o TikTok já capturaram parte da publicidade, assim como o Instagram, que ganhou impulso desde sua aquisição pelo Facebook e se tornou uma plataforma popular para atingir os jovens.

Quando as redes sociais surgiram, elas eram plataformas para atingir essa faixa jovem da população, mas hoje o Twitter perdeu completamente esse monopólio, e é importante que a oferta seja atraente para os anunciantes. O Twitter vem sofrendo um declínio no número de usuários há vários anos, e os escândalos atuais tornam a plataforma muito menos atraente.

Em maio, Elon Musk nomeou Linda Yaccarino, publicitária da NBC Universal, como diretora do Twitter. Por que sua posse não foi vista como um sinal positivo para os anunciantes?

Foi uma estratégia sólida, vinculada a uma visão mais alinhada com as expectativas do mercado publicitário e dos anunciantes. “No entanto, não foi suficiente. As receitas já haviam caído nos últimos meses, e a chegada do Threads [uma nova rede Meta, baseada em texto e interação semelhante ao Twitter] ao mercado há dez dias reduziu ainda mais o potencial de recuperação do Twitter”, argumenta a especialista.

Embora ainda seja possível reverter a situação, se outras medidas como essa forem tomadas, o Twitter se encontra em uma situação muito delicada no momento.

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