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Onde está Qin Gang? Ministro chinês das Relações Exteriores desapareceu há quase um mês

O ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, não aparece em público desde o último 25 de junho, o que alimenta intensas especulações. O chanceler deveria ter se reunido com o emissário americano para o Clima, John Kerry, em Pequim, nesta semana - uma ausência sem nenhuma justificativa do governo chinês.

O ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, em foto de 23 de maio de 2023.
O ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, em foto de 23 de maio de 2023. AP - Thomas Peter
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Com informações do correspondente da RFI em Pequim, Stéphane Lagarde

Pelas ruas da capital chinesa, ao serem indagados sobre o que sabem sobre o sumiço do ministro das Relações Exteriores, os moradores reagem com incompreensão. Na China, a cada vez que uma personalidade desaparece – fenômeno frequente – os cidadãos são os últimos a serem informados, já que as mídias estatais não falam sobre o assunto.

Há uma semana, quando o ministro esteve ausente de um compromisso internacional, o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, defensor do regime chinês, indicou que o dirigente de 53 anos enfrentava problemas de saúde. Já o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou no último 11 de julho que Qin Gang não estava participando das reuniões da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) por “razões físicas”. Quatro dias depois, ao ser questionado sobre o estado do diplomata, o porta-voz afirmou não ter nenhuma informação sobre a questão.

Ex-embaixador nos Estados Unidos, Qin Gang foi nomeado ministro no 20° congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), no final de 2022. Sua última aparição pública data de 25 de junho, quando se reuniu com o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Andrei Rudenko, em Pequim.

O sumiço faz ressurgir rumores de uma relação amorosa de Qin Gang com Fu Xiaotian, 40 anos,jornalistada emissora Phoenix TV. Segundo a imprensa internacional, o casal teria um filho escondido. Como o ministro, a apresentadora também deixou de aparecer em público desde o final de junho.

Protegido de Xi Jinping

O ministro das Relações Exteriores da China é considerado como um protegido do presidente Xi Jinping. Apelidado de “lobo guerreiro” por sua diplomacia agressiva, ele fez duras repreensões aos Estados Unidos depois que Washington afirmou ter derrubado um suposto balão de espionagem chinês em seu território. Também desempenhou um papel fundamental para restabelecer laços com o país, reunindo-se com o secretário americano de Estado, Antony Blinken, durante sua visita a Pequim, em meados de junho.

Qin Gang era o principal cotado para substituir Wang Yi, principal funcionário de Relações Exteriores do Partido Comunista Chinês. Especula-se, no entanto, que o caso extraconjugal com a jornalista Fu Xiaotian tenha sido mal vista pela legenda.

Ao que tudo indica, a China também estaria tentando abafar os rumores do desaparecimento do ministro apelando à censura. Na segunda-feira (17), o jornalista e analista Phil Cunningham declarou no Twitter que parte de uma matéria que escreveu para o South China Morning Post, foi editada sem sua permissão. Não por acaso, os parágrafos apagados mencionavam o ministro.

O mesmo tipo de censura parece estar sendo aplicada na rede social chinesa Weibo. Ao digitar “onde está Qin Gang”, a plataforma traz como resposta: “sem resultados”.

Essa não é a primeira vez que uma autoridade de alto escalão desaparece na China. Se for esse o caso do diplomata, o órgão de vigilância disciplinar do PCC deve em breve alegar uma detenção para investigação – uma iniciativa que se tornou comum na “campanha anticorrupção” de Xi Jinping.

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