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Dono da Alibaba, a ‘Amazon da China’, desaparece misteriosamente após criticar governo

O paradeiro de Jack Ma, o "Steve Jobs chinês", fundador do gigante do comércio online Alibaba, é um dos principais assuntos nas redes sociais e na mídia chinesa. O multibilionário, que criticou abertamente o regime de Pequim, não é visto em público há semanas.

Jack Ma criticou o regime de Pequim e, desde então, não apareceu mais em público.
Jack Ma criticou o regime de Pequim e, desde então, não apareceu mais em público. REUTERS - Aly Song
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Onde está Jack Ma? O empresário, que ficou conhecido como o “Steve Jobs chinês”, era figurinha carimbada nos programas de televisão, nas redes sociais e nos anfiteatros das reuniões de cúpula internacionais. Mas, desde outubro, ele não dá mais notícias.

O ex-professor de inglês de 56 anos criou um império na internet com a Alibaba. Sua empresa de e-commerce representa cerca de US$ 86 milhões em vendas anuais e é conhecida como o equivalente chinês do site Amazon.   

Mas em sua última aparição pública, durante um fórum financeiro em Xangai, ele fez um discurso bastante crítico ao governo chinês. Ma acusou abertamente os órgãos reguladores de seu país de bloquearem a inovação da indústria financeira chinesa. Uma declaração feita após a Ant Group, braço financeiro da Alibaba, ter sua entrada na Bolsa impedida pelas autoridades de Pequim.

A transação representaria a injeção de US$ 34 milhões nas bolsas de Hong Kong e Xangai, no que já estava sendo visto como a maior entrada de dinheiro que o mercado financeiro mundial já assistiu. Mas o regime teria incitado as autoridades reguladoras a impedir as ambições do empresário, o que irritou Ma.  

Segundo o Wall Street Journal, as autoridades de Pequim tentam diminuir o império tecnológico de Jack Ma e, eventualmente, controlar uma parte de suas empresas. Além de bloquear sua entrada na Bolsa, os reguladores do mercado chinês lançaram um processo anti-trust contra Alibaba e seu quase monopólio. Segundo Pequim, o gigante da comércio online teria forçado alguns players do setor a trabalhar exclusivamente com a empresa de Jack Ma.

Briga de clãs dentro do Partido comunista chinês

No entanto, o caso é apenas a ponta do iceberg de uma disputa que vai além de uma questão de concorrência desleal. De acordo com Alex Payette, especialista em política chinesa, há anos Ma está no centro de uma guerra de clãs dentro do Partido comunista. De um lado do tabuleiro está o presidente Xi Jinping e, do outro, Jiang Zemin, que dirigiu a China entre 1993 e 2003 e é o inimigo número um do atual chefe de Estado.

Payette explica que as principais empresas de pagamento eletrônico, de telecomunicações e até aeroespaciais da China estão ligadas diretamente ou indiretamente a Jiang Mianheng, filho de Jiang Zemin. E Jiang Zhicheng, neto de Zemin, não apenas é próximo de Jack Ma, como também é um dos investidores da Alibaba por meio da Ant.

Para o especialista, Ma seria visto como um representante do “antigo regime” e os obstáculos impostos recentemente por Pequim fariam parte de uma estratégia para enfraquecer o empresário, mas também seus parceiros financeiros. Ao atacar Alibaba, Xi Jinping atacaria, indiretamente, seus inimigos dentro do próprio partido. Uma estratégia que tem visa a eliminação de qualquer tipo de oposição antes do fim de seu segundo mandato, em 2022. E pouco importa se isso representa enfraquecer um dos campões chineses na luta contra os gigantes americanos Google, Apple, Facebook e Amazon.

Chá de sumiço

Os rumores de que as autoridades de Pequim seriam responsáveis pelo desaparecimento de Ma circulam há semanas. Desde que Xi Jinping se tornou o líder do Partido Comunista, em 2012, a China iniciou uma grande campanha anticorrupção que resultou na prisão de empresários, mas também no “chá de sumiço” de alguns inimigos do regime.

Diante das especulações, as equipes de Ma informaram recentemente que ele não “desapareceu”, mas simplesmente preferiu se manter mais discreto até segunda ordem. Os próximos do Steve Jobs chinês só não disseram de onde viria essa segunda ordem.

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