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Aumento de execuções no Irã preocupa ONU e ONGs de direitos humanos

O Irã executou nesta quarta-feira (10) sete homens, três deles condenados por tráfico de drogas e quatro, por estupro. Os enforcamentos aumentaram de maneira exorbitante no país desde o começo do ano, gerando preocupações na ONU e em organizações de defesa dos direitos humanos.

Uma faixa na Torre Eiffel diz "Parem as execuções no Irã", em 16 de janeiro de 2023.
Uma faixa na Torre Eiffel diz "Parem as execuções no Irã", em 16 de janeiro de 2023. AP - Michel Euler
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“A condenação à morte de três membros da quadrilha Panjak, o principal cartel de distribuição de cocaína e um dos mais importantes carteis de droga do país, foi executada nesta manhã, após julgamento”, informou o site da agência de informação da autoridade judiciária iraniana Mizan Online.

Em 2014, seis membros da quadrilha foram presos. Junto a eles, as autoridades iranianas apreenderam cocaína, ópio e metanfetaminas, de acordo com a agência.

Os três homens foram enforcados na prisão de Ghezal Hesar, em Caraj, no centro do país, informou a organização Iran Human Rights (IHR) em um comunicado. A ONG, baseada na Noruega, também anunciou que quatro condenados por estupro foram executados na penitenciária de Rajai Shahr, também em Caraj.

A IHR postou em seu site imagens mostrando as famílias dos três executados por tráfico de drogas se manifestando diante da prisão, em uma última tentativa de impedir os enforcamentos.

Nas imagens, a polícia parece utilizar gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar os manifestantes, e são ouvidos tiros. Um parente de um dos presos foi hospitalizado com ferimentos graves.

Intimidações

Os novos enforcamentos elevam para 64 o número de execuções no país em apenas 12 dias, alerta a IHR. “A máquina de matar do governo acelerou. Seu objetivo é intimidar o povo, e suas vítimas são as pessoas mais frágeis da sociedade”, reagiu Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, denunciou na terça-feira (9) “o número inacreditavelmente elevado” de execuções este ano no Irã, que ultrapassam a média de 10 por semana.

Militantes pelos direitos humanos acusam o país de utilizar a pena capital como meio de intimidar os participantes dos movimentos de contestação. As manifestações anti-regime foram desencadeadas pela morte em detenção, em setembro, de Mahsa Amini, de 22 anos, presa por infringir o rígido código de vestuário feminino do Irã, que obriga as mulheres a cobrir os cabelos com um véu.

Em 2022, 582 pessoas foram submetidas à pena capital, uma alta de 75% em relação ao ano anterior, de acordo com a IHR e a organização Ensemble contre la peine de mort (Juntos contra a pena de morte, ECPM), com sede em Paris.

Mas o ritmo das execuções está ainda mais intenso em 2023. De acordo com o IHR, ao menos 218 pessoas foram executadas desde o começo do ano. Já a ONU contabiliza pelo menos 209 execuções, principalmente por delitos relacionados a drogas, reconhecendo, no entanto, que o número pode ser mais elevado.

Os últimos enforcamentos acontecem dois dias depois das execuções de dois homens por blasfêmia, denunciadas por Washington e ONGs de defesa dos direitos humanos.

Neste sábado (6), um dissidente de nacionalidades iraniana e sueca, Habib Chaab, condenado à morte por dirigir um grupo separatista árabe do oeste do país e acusado de “terrorismo”, também foi executado.  

 

Habib Chaab, dissidente de nacionalidades iraniana e sueca, durante seu processo, em 18 de janeiro de 2022, em Teerã.
Habib Chaab, dissidente de nacionalidades iraniana e sueca, durante seu processo, em 18 de janeiro de 2022, em Teerã. © MAJID AZAD / AFP

 

As autoridades iranianas chamaram de “injustificadas” as críticas de países europeus após a execução de Chaab, os acusando de “promover o terrorismo”.

O Irã é o segundo país do mundo em número de execuções, ficando atrás apenas da China, de acordo com ONGs internacionais.

(Com informações da AFP)

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