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Maior petrolífera do mundo, empresa saudita anuncia lucros recordes e recebe críticas

A gigante petrolífera saudita Aramco anunciou neste domingo (12) lucros recordes em 2022 graças ao aumento dos preços do petróleo, atraindo críticas em meio à crise climática e energética. A empresa, controlada em grande parte pelo Estado saudita, registrou um lucro líquido de US$ 161,1 bilhões no ano passado, um aumento de 46% em relação ao ano anterior, segundo um comunicado de imprensa publicado na bolsa de valores de Riad.

A gigante do petróleo Saudi Aramco cresceu 46% em 2022.
A gigante do petróleo Saudi Aramco cresceu 46% em 2022. AP - Amr Nabil
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Esses são os maiores lucros da Aramco desde a listagem de 1,7% de suas ações na Bolsa de Valores da Arábia Saudita em dezembro de 2019. A empresa é a segunda mais valiosa do mundo, depois da americana Apple. 

O CEO da Aramco, Amin Nasser, saudou o "desempenho financeiro recorde em 2022" devido ao aumento dos preços do petróleo, em meio a uma forte recuperação da demanda global e à guerra na Ucrânia.

Assim como as grandes Shell, Chevron, ExxonMobil, TotalEnergies e PB, que obtiveram lucros recordes de US$ 151 bilhões em 2022, os resultados da Aramco foram alvos de críticas.

Crise climática

“É chocante que uma empresa esteja lucrando mais de US$ 161 bilhões em um ano com a venda de combustíveis fósseis, o principal fator da crise climática”, disse a secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, em um comunicado à imprensa.

“É ainda mais chocante que este excedente tenha sido acumulado no meio de uma crise global do custo de vida agravada pelo aumento dos preços da energia”, consequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, acrescentou.

A organização de direitos humanos pediu à monarquia do Golfo que use esses lucros, "os maiores já obtidos por uma empresa em um ano", segundo ela, para financiar a transição energética.

O maior exportador mundial de petróleo se comprometeu a atingir a neutralidade de carbono até 2060, sem abrir mão dos investimentos em combustíveis fósseis, despertando ceticismo de organizações ambientais.

A Aramco lançou em 2022 "o maior programa de investimentos da sua história", aumentando as suas despesas de capital em 18% para US$ 37,6 mil milhões, disse Amin Nasser no comunicado de imprensa.

A Aramco estabeleceu uma meta de reduzir a zero as emissões de gases de efeito estufa em suas instalações industriais até 2050. Essa meta não leva em consideração as emissões produzidas por consumidores de petróleo saudita no exterior.

Diversificação da economia

Embora os preços do petróleo tenham caído desde os picos de 2022, eles devem permanecer altos este ano, apoiados em particular pela queda na produção aprovada em outubro passado pela OPEP+, a aliança de países exportadores liderada por Riad e Moscou. 

“Não espero outro ano recorde para a Aramco em 2023, mas o desempenho deve permanecer forte”, disse Robert Mogielnicki, do think tank Arab Gulf States Institute, em Washington.

Os lucros da Aramco alimentaram o crescimento do país, cujo PIB cresceu 8,7% em 2022, segundo estimativas oficiais, a maior taxa entre os países do G20.

O maior exportador mundial de petróleo bruto, que busca diversificar sua economia para reduzir sua dependência do petróleo, saudou na quinta-feira o aumento nas atividades não ligadas aos hidrocarbonetos no quarto trimestre de 2022, de 6,2% em relação ao ano anterior, segundo a autoridade saudita de Estatísticas.

Mas este crescimento tem sido impulsionado pela despesa pública que “estará sempre ligada, em certa medida, às receitas petrolíferas”, contrapôs Justin Alexander, diretor do gabinete Khalij Economics, sublinhando o papel central da Aramco na primeira economia do mundo mundo árabe.

As instalações de petróleo da Aramco sofreram ataques de drones e mísseis nos últimos anos reivindicados por rebeldes Houthi no vizinho Iêmen, apoiados pelo Irã.

Mas o restabelecimento das relações diplomáticas entre Riad e Teerã, anunciado na sexta-feira após sete anos de ruptura, pode permitir reduzir esses riscos nos próximos meses.

(Com informações da AFP)

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