Com alta de preços, empresas petrolíferas deveriam pagar mais impostos sobre lucros recordes?
O aumento dos preços do petróleo devido à guerra na Ucrânia está garantindo lucros recordes às empresas petrolíferas em todo o mundo, e pesando no bolso dos consumidores. A publicação dos bons resultados do primeiro trimestre reacende o debate sobre a criação de um imposto excepcional sobre esses lucros para que as empresas contribuam mais para os serviços públicos dos países.
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Com informações de Dominique Baillard para RFI
Em um momento em que os preços na bomba estão subindo para o consumidor, o enriquecimento da indústria petroleira choca. De acordo com uma estimativa da Bloomberg, o lucro das cinco maiores empresas de petróleo do mundo será de US$ 34 bilhões nos primeiros três meses do ano. Um resultado trimestral histórico.
Com a guerra à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin impulsionou o preço do barril de petróleo para US$ 114 dólares, em média, no primeiro trimestre. Como resultado, ele proporciona lucros inesperados para as petroleiras.
Em apenas três meses, a TotalEnergies, que divulgou seus resultados em 28 de abril, conquistou os mesmos números de um semestre inteiro de 2021. A gigante americana Chevron quadruplicou o seu lucro, enquanto a ExxonMobil dobrou o lucro.
Devolver ao consumidor?
Lucros esses que devem ser usados em favor dos consumidores, dizem parlamentares democratas nos Estados Unidos. É lá e no Reino Unido que o debate sobre a tributação desse rendimento excepcional ganha mais força. Nos Estados Unidos, dois deputados propuseram essa reforma fiscal especial, há um mês. O objetivo seria redistribuir essa fortuna diretamente para as famílias americanas.
Já o governo dos EUA quer que os valores sejam reinvestidos na produção local, no lugar de simplesmente serem redistribuídos aos acionistas. No entanto, esta tem sido a opção escolhida até agora. Os dividendos estão em alta, assim como a recompra de ações, que ajuda a aumentar ainda mais o valor desses papéis no mercado de ações.
Em Londres, o ministro das Finanças britânico, Rishi Shunak, deu a entender, na semana passada, que poderia introduzir essa sobretaxa em empresas que não investem o suficiente na exploração dos poços de petróleo em vias de se esgotarem, no Mar do Norte. Uma iniciativa destinada a tranquilizar a opinião pública, pois, tanto a BP como a Shell já ampliaram suas despesas de investimentos nesta região.
A proposta, apoiada pelo Partido Trabalhista, tem, portanto, poucas chances de sucesso. Os resultados comerciais das duas empresas são esperados para esta semana, o que pode reavivar o debate.
Itália saiu na frente
Na União Europeia, apenas a Itália se atreveu a impor um imposto temporário às empresas de energia. Roma deve gerar US$ 4 bilhões de receita com este novo imposto, que tem a bênção da União Europeia.
Bruxelas incentiva os países-membros a tributarem essas empresas para financiar a ajuda prestada ao consumidor final. Porém, a maioria deles prefere discutir com estas empresas, que se tornaram interlocutores poderosos na resolução da crise energética.
Na França, a TotalEnergies concede um desconto de 10 centavos por litro de combustível. O diretor da empresa, Patrick Pouyanné, permanece reservado quanto a novos investimentos para aumentar a produção. Eles são feitos a custos muito altos para suportar uma demanda que deve diminuir.
Com as mudanças climáticas, as empresas estão se preparando não para o pico de produção, mas para o pico de demanda. A empresa francesa agora favorece investimentos em gás natural liquefeito e fontes renováveis.
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