SpaceX: participação de astronauta dos Emirados mostra que espaço é novo campo para países do Golfo
Quatro novos astronautas decolaram nesta quinta-feira, 2 de março, com destino à Estação Espacial Internacional (ISS), a bordo do foguete Falcon 9, da SpaceX. Esta é a sexta vez que a empresa americana realiza esta tarefa para a NASA. A novidade é a participação do astronauta dos Emirados Árabes Unidos, Sultan al-Neyadi, que fará, pela primeira vez, uma missão de seis meses a bordo da ISS.
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Com informações de Nicolas Keraudren, correspondente da RFI em Dubai
A missão conta com um veterano e três novatos. O americano Stephen Bowen fará sua quarta estadia no espaço. Ao seu lado, estarão o compatriota Warren Hoburg e o russo Andrei Fediaev. Um sinal de que, apesar da guerra na Ucrânia, a cooperação espacial internacional ainda funciona.
Sultan al-Neyadi completa a tripulação. Ele se tornará o primeiro astronauta dos Emirados Árabes Unidos a realizar uma missão longa a bordo da Estação Espacial Internacional, e o segundo a embarcar em uma missão espacial, após Hazza al-Mansouri, que voou em 2019, mas por apenas 10 dias.
Selecionados por Dubai em 2018, os dois astronautas testemunham a vontade dos Emirados de se afirmarem como um participante legítimo da corrida espacial.
O país entrou, em 2021, para o círculo muito restrito dos que conseguiram colocar um satélite em órbita em torno de Marte. Seu próximo objetivo é pousar um robô de exploração espacial na superfície da Lua, em 2024.
Programa ambicioso
O programa ambicioso visa se impor ao concorrente regional, a Arábia Saudita, país reconhecido especialmente na área das telecomunicações e que também deseja ter seus próprios astronautas. Um programa nesse sentido acaba de ser lançado pela Comissão Espacial Saudita, com a participação de Rayyanah Barnawi e Ali Al-Qarni da tripulação da missão espacial AX-2, a bordo da ISS, prevista para este ano.
Na região do Golfo, a conquista do espaço tornou-se uma questão importante, sinônimo de diversificação econômica.
A Arábia Saudita e os Emirados, grandes exportadores mundiais de petróleo bruto e que ainda dependem em grande parte de suas receitas petrolíferas, buscam outras fontes de renda. Além disso, querem restaurar sua imagem austera e de países criticados por violações de direitos humanos. Nesta área, Abu Dhabi está um passo à frente, com a missão de Al-Neyadi.
Apesar de ainda terem muitos problemas a resolverem na terra, para os países do Golfo, a conquista do espaço poderia se tornar um novo campo de rivalidade entre as grandes potências econômicas.
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