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Sobe para 89 número de mortos no Paquistão após ataque a bomba contra mesquita

Os corpos continuam a ser retirados dos escombros nesta terça-feira (31) depois que um ataque a bomba contra uma mesquita dentro da sede da polícia em Peshawar, no noroeste do Paquistão, deixou quase 90 mortos, a maioria policiais, e 150 feridos. A explosão ocorreu na segunda-feira (30) ao meio-dia, horário das orações, neste local extremamente sensível da cidade, localizado a cerca de 50 km da fronteira com o Afeganistão e onde a situação de segurança piorou nos últimos anos.

Explosão em mesquita no Paquistão deixa cerca de 90 mortos.
Explosão em mesquita no Paquistão deixa cerca de 90 mortos. REUTERS - FAYAZ AZIZ
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O chefe da polícia de Peshawar, Muhammad Ijaz Khan, revelou que o número de mortos subiu para 89 depois que "mais seis pacientes sucumbiram aos ferimentos". Cerca de 150 pessoas ficaram feridas. Quase 90% dos mortos são policiais, acrescentou Khan, sem ser capaz de dar uma contagem exata ainda.

"Esta manhã, removeremos a última parte do telhado desabado para poder recuperar mais corpos. Mas estamos pessimistas sobre nossas chances de encontrar outros sobreviventes", declarou Bilal Ahmad Faizi, porta-voz dos serviços de emergência.

Durante a noite, pelo menos nove corpos foram descobertos nos escombros da mesquita, cujo teto e uma parede ruíram sob o efeito da explosão. "Fiquei preso sob os escombros com o corpo de um homem morto em cima de mim por sete horas. Perdi todas as esperanças de sobreviver", desabafou um policial de 23 anos atendido no hospital Wajahat Ali.

Pelo menos 20 policiais foram enterrados na noite de segunda-feira em uma cerimônia com a presença de uma guarda de honra, com seus caixões alinhados e cobertos com a bandeira do Paquistão.

Talibãs  

O Paquistão enfrenta uma deterioração de sua segurança há alguns meses, especialmente desde que o Talibã tomou o poder no Afeganistão em agosto de 2021. Depois de anos de relativa calma, os ataques recomeçaram com intensidade, liderados pelos talibãs paquistaneses do Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), conhecido como EI-K, braço regional do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), ou por grupos separatistas Baloch.

Analistas acreditam que esses grupos foram encorajados pelo sucesso do Talibã. O Paquistão os acusa de permitir que alguns desses grupos usem território afegão para planejar seus ataques, o que Cabul continua negando.

O TTP, movimento diverso daquele de que fazem parte os novos dirigentes afegãos, mas que partilha com este raízes comuns, negou ser o responsável pelo ataque de segunda-feira. Desde sua criação em 2007, o TTP já matou dezenas de milhares de civis paquistaneses e membros das forças de segurança, antes de ser expulso das áreas tribais do noroeste do Paquistão por uma operação militar lançada pelo exército em 2014.

De volta à atividade com força nos últimos meses, o grupo alega que pretende ser menos violento do que no passado e afirma visar apenas as forças de segurança e, em nenhum caso, os locais de culto.

"Serão varridos da face da terra"

A sede da polícia em Peshawar é uma das áreas mais protegidas da cidade. O local também abriga as instalações de diversas agências de inteligência.

Shahid Ali, um policial de 47 anos que sobreviveu ao ataque, contou que a detonação ocorreu segundos depois que o imã começou a fazer as orações. "Vi uma fumaça negra subindo. Corri para fora para salvar minha vida", acrescenta ele. "Os gritos das pessoas ainda soam na minha cabeça. Eles estavam gritando por socorro."

A capital e todo o país, principalmente a área que faz fronteira com o Afeganistão, foram colocados sob um alerta de segurança ainda maior. "Os terroristas querem criar pânico visando aqueles que estão cumprindo seu dever de defender o Paquistão", declarou o primeiro-ministro Shehbaz Sharif em um comunicado. "Aqueles que lutam contra o Paquistão serão varridos da face da terra."

Em Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou um ataque "abjeto" contra "um local de culto".

Peshawar foi devastada por ataques quase diários durante a primeira metade da década de 2010, mas a segurança melhorou muito nos últimos anos. Mas a situação tornou a deteriorar por alguns meses. Em março de 2022, um ataque suicida reivindicado por EI-K em uma mesquita xiita em Peshawar matou 64 pessoas, o ato terrorista mais mortal no Paquistão desde 2018.

(Com informações da AFP)

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